Pantanal (MS)- Dados do MapBiomas Alerta revelam que 90% do desmatamento no Pantanal ocorre na porção localizada em Mato Grosso do Sul. A maior planície alagada do mundo é bem menos protegida em MS do que em MT, já que 64% do bioma está em MS e 36% no vizinho Mato Grosso, onde o desmate é de apenas 10%.
Em 2022, o Pantanal teve 30.498 hectares desmatados nos dois estados, mas 25.574 deles em Mato Grosso do Sul. O total de desmatamento em MT foi de 4.924 hectares. Corumbá aparece como a cidade onde mais ocorreu desmate no período, seguida de outras duas cidades de MS e somente em quarto lugar aparece uma de MT.
Segundo o diretor do SOS Pantanal, Leonardo Gomes, as leis em MS são mais permissivas que em MT. A troca de cobertura vegetal no Pantanal em MT permite que apenas 40% do território a ser desmatado receba vegetação não nativa, enquanto em MS essa área de permissão é de 60%. Além disso, em MT é proibido qualquer tipo de monocultura em larga escala, como a plantação de soja, já na parte sul do Pantanal, não.
Para Gomes, a cultura socioeconômica sul-mato-grossense bem como a tradição política fazem com que a porção sul do bioma seja menos protegida. Ele destaca que o maior perigo para a planície é o avanço de monoculturas, principalmente da soja.
“Para uma lavoura é feita a implantação de drenos, tem a questão dos agrotóxicos. Diferente da pecuária, que consegue se movimentar no bioma e não altera tanto a vida ali”, afirma.
O SOS Pantanal montou um grupo de especialistas em licenciamento ambiental para analisar as licenças concedidas em MS e apresentar recomendações ao Governo do Estado. Gomes ressalta que as concessões não levam em conta o impacto da retirada na vida animal.
“Em breve teremos uma análise criteriosa sobre isso”, informa.
O Pantanal é um dos ecossistemas mais ricos do mundo, abrigando espécies ameaçadas de extinção e sendo considerado patrimônio da humanidade pela UNESCO. A preservação desse bioma é essencial para a manutenção do equilíbrio ecológico e da biodiversidade.