Em um vídeo enviado à reportagem, Nazaré conta que a irmã foi submetida a uma biopsia no colo do útero, em um hospital privado no Lago Sul. Durante o procedimento, que durou cerca de cinco minutos, uma série de erros médicos aconteceram e acabaram provocando a morte da subtenente. Desde então, a família tem enfrentando uma verdadeira batalha na Justiça, para exigir resposta das autoridades pelo o que aconteceu com Nádia.
Confira o depoimento:
A subtenente ingressou na PMDF em 1999. Após concluir o Curso de Formação de Soldados (CFSD 1999), Nádia trabalhou no Batalhão de Operações Especiais. Serviu no Patamo e também trabalhou nas 16ª e 20ª CPMind, além do Batalhão Judiciário. Antes de morrer, Nádia atuava no Colégio Militar Tiradentes (CMT).
“Sucessões de erros”
Segundo a irmã, Nádia morreu após duas paradas cardíacas. “A médica que a operou saiu do hospital logo após o procedimento para atender em outra unidade de saúde. Minha irmã, então, ficou com o anestesista, uma equipe de enfermagem e quatro estagiários”, explicou.
“Ao ser transferida para a sala de recuperação, sofreu duas paradas. Segundo o depoimento das pessoas que estavam no local, os anestesistas não conseguiram chegar a um consenso sobre o que teria causado o problema. Nesse meio tempo, a intubaram, extubaram e intubaram novamente”, contou.
De repente, conforme relembra a pedagoga, Nádia foi transferida para a unidade de terapia intensiva (UTI) do próprio hospital, por decisão dos médicos. No dia seguinte, a família foi informada que a subtenente teria tido morte cerebral.
“Ficamos sem chão. Foi desesperador. Conversamos com um médico da família, que encaminhou-se ao local, analisou os exames da minha irmã e escreveu uma declaração informando que não estavam realizando a troca efetiva de oxigenação da Nádia. Segundo ele, durante a intubação, ela sofreu edema na glote, o que impediu a passagem de ar para o pulmão. Fora os diversos outros erros que tiraram a vida da minha irmã”, pontuou.
À reportagem Nazaré disse, ainda, que o depoimento da equipe médica à polícia foi, “há todo momento, contraditório”, e que os profissionais de saúde “não incluíram no prontuário da paciente” algumas informações. Eles teriam revelado detalhes apenas no inquérito. Para a pedagoga, o que resta, agora, é continuar exigindo que os órgãos “cumpram seus papeis” para que “os responsáveis pela morte da militar não saiam impunes”.
Para assistir o depoimento completo de Nazaré, clique aqui.
Ao Metrópoles a Polícia Civil do Distrito Federal (PCDF) informou que a investigação sobre a morte da militar é “complexa e ainda não foi finalizada”. “O cadáver da sra. Nádia não foi encaminhado para o IML/DF para exame necroscópico, tendo a "morte encefálica em decorrência de encefalopatia anoxia causada por choque" atestada por Dr Renan da S. Segheto”, disse a corporação em nota.
“Após o recebimento da notícia da morte, bem como a suspeita apresentada pela família, solicitamos a confecção de laudo indireto, via memorando, que apontou resultado inconclusivo. Portanto, agora, solicitamos um laudo complementar ao IML, após a juntada aos autos de exames que ainda faltavam”, declarou a PCDF.
À reportagem o Ministério Público do Distrito Federal (MPDFT) esclareceu que o “Supremo Tribunal Federal, em tese de repercussão geral, fixou que o MP pode instaurar investigações penais próprias desde que respeite os direitos e garantias de todos os investigados”.
“Um dos princípios a serem respeitados é a não instauração de dois inquéritos ou duas investigações por autoridades diferentes para o mesmo fato. Salvo flagrantes ilegalidades. Dessa forma, como a família procurou a PCDF primeiro e a investigação vem sendo realizada com rigor, sob o acompanhamento do MP, não há motivo legal para intervenção na condução da Polícia Civil”, declarou o MPDFT.
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