Mesmo nos períodos de seca prolongada, a pesca esportiva no Pantanal de Corumbá (MS) se manteve em alta, por conta da piscosidade do Rio Paraguai e seus afluentes. Este ano, o bioma mudou, mantendo sua sazonalidade, e as águas voltaram a inundar os campos, trazendo felicidade para as populações tradicionais, revigorando as matas e as savanas e contribuindo para a manutenção do estoque pesqueiro após o período de reprodução (piracema).
Para a prática da pesca esportiva, não tem ambiente melhor: encostar o barco no camalote ou no barranco do rio, jogar a linhada e sentir o aroma da flora verdejante, que atrai mais bichos e pássaros, enquanto o piloteiro (guia de pesca) prepara um sashimi de piranha (sim, este é um dos serviços personalizados dos barcos-hotéis e hotéis dos associados da Associação Corumbaense das Empresas Regionais de Turismo – ACERT, que operam a rota pantaneira). A subida das águas também oferece mais opões de pesca e um mergulho nas águas limpas das baias.
Para os especialistas em ictiofauna, a ciência é exata: mais água, mais peixe. O Pantanal está voltando a seu estado normal, com abundância de chuvas em toda a região, e deve ocorrer até o meio do ano uma cheia normal, isto é: os principais rios transbordam, as águas se espraiam pelos campos e o homem pantaneiro comemora, cruzando os banhados no lombo do cavalo ou na direção de seu veículo traçado. Cheia no Pantanal é sinônimo de vida, renovação.
O ambiente também muda o comportamento dos peixes e da pescaria. Segundo os experientes guias de pesca que levam os pescadores para os melhores locais, no encontro com os cardumes, a pegada é diferente com o Pantanal virando mar. Na seca, o peixe se concentra mais na calha do rio, águas mais velozes, ideal também para a pesca de rodada. Com maior volume de água, as possibilidades da pesca se ampliam, com mais pontos de captura e acesso a outros peixes.
O ressurgimento das baías e corixos e campos inundados, com o Rio Paraguai recuperando níveis anteriores à seca (2019/2022), beneficia toda a cadeia alimentar do ecossistema, do homem aos microrganismos. A pesca, em especial, terá um ano de boa produção, atesta o pesquisador Agostinho Catella, da Embrapa Pantanal. “As condições ambientais (do Pantanal) em 2023 devem concorrer positivamente para a produção natural de peixes e para a pesca”, afirma.
O fim da piracema (fevereiro) coincidiu com a subida das águas e favorece a manutenção do estoque pesqueiro. Os peixes grandes e os jovens recém nascidos e os ovos rodam rio abaixo e adentram os campos inundados, onde encontram alimento e abrigo. “Na vazante, com o refluxo das águas, os adultos retornam para os rios e reiniciam um novo ciclo. Outras espécies, que não fazem piracema, permanecem nos alagados durante a estiagem”, observa Catella.
Com mais água, segundo ele, os peixes conseguem manter grandes populações, o que garante a piscosidade dos rios do Pantanal. Portanto, é hora de arrumar a tralha e subir o Rio Paraguai, até a região da Serra do Amolar (distante 200 km por água de Corumbá), e praticar o pesque e solte com muita emoção e sensação de estar no paraíso. Corumbá (distante 430 km de Campo Grande, pela BR-262) tem a melhor estrutura para a pesca esportiva. O que está esperando?
Licença de pesca:
www.pescaamadora.imasul.ms.gov.br
Cartilha do pescador:
https://www.pm.ms.gov.br/wp-content/uploads/2022/03/CARTILHA-PESCADOR-2022-1.pdf