"A saúde é uma nova frente de desenvolvimento no mundo. O Brasil não pode estar atrás nesse processo e, agora que o país vai assumir a presidência do G20, que tenhamos atenção a esse processo. A ciência e a tecnologia são fundamentais para a saúde, mas têm que estar a serviço do SUS, não podem ser vistas como fatores isolados", destacou. Nísia lembrou que a pandemia de covid-19 desafiou o mundo e classificou como inadmissível que o país, tendo um sistema de saúde universal, tenha registrado mais de 700 mil mortes pela doença.
Para a ministra, a pandemia exacerbou o que chamou de processo de deterioração da saúde brasileira, com a piora generalizada de indicadores e retrocessos institucionais, orçamentários e normativos que levaram ao desmonte de políticas da pasta, além da perda de credibilidade como autoridade sanitária. "Nossa saúde estava doente e nosso trabalho será de cuidado e de cura. Esse é o nosso compromisso. Portanto, os eixos da nossa gestão são o fortalecimento do SUS, para o qual o financiamento é fundamental."
"Temos agora a oportunidade: veio a questão do arcabouço fiscal para o Congresso e, ao lado disso, toda a discussão da reforma tributária para pensarmos o país que queremos, o futuro que queremos", disse. Nísia citou ainda que as coberturas vacinais como um todo no país caíram desde 2016, sobretudo entre as crianças. "Temos visto, ainda hoje, um ataque frequente nas redes ao nosso movimento nacional pela vacinação", disse, ao pedir apoio aos parlamentares para impedir a propagação de fake news.
A situação deixada pelo governo anterior, de acordo com a ministra, inclui 27,1 milhão de doses de vacina contra covid-19 sem tempo hábil para distribuição e um desperdício de quase 40 milhões de doses desde 2021, o que representa um prejuízo de R$ 2 bilhões aos cofres públicos, além de doses e insumos a vencer nos próximos meses. "Ao mesmo tempo em que havia desperdício, também havia falta de vacinas fundamentais, como pólio, sarampo, inclusive covid infantil, que havia sido adquirida, mas num volume insuficiente para uma efetiva campanha."
A ministra citou a necessidade de se pensar a saúde de forma integrada com as áreas social e ambiental. "Um exemplo: vimos, nos últimos anos, a mudança geográfica da distribuição da febre amarela. Isso está diretamente relacionado a fatores ambientais, reflorestamento, mudança na concentração dos primatas não humanos, todo um ciclo que se muda. Sem falar da dengue e várias outras questões ligadas à saúde humana e rural."