Os docentes pedem ainda melhoria nas condições de trabalho e repudiam o fechamento de turmas.
"Esse ato é a expressão da nossa luta pela revogação da reforma do ensino médio, é a expressão da nossa luta por condições de trabalho, contra a superlotação de salas de aulas e fechamento das mesmas", destacou a presidente da Apeoesp e deputada estadual, a professora Maria Izabel Azevedo Noronha, conhecida como Bebel.
Apesar de reivindicar a revogação da reforma do ensino médio, Bebel disse ver a decisão do governo federal - de suspender o Cronograma Nacional de Implementação do Novo Ensino Médio - como um passo na direção da revogação.
"A suspensão para mim é um sinal de revogação, porque no local vai ter que colocar alguma coisa. E nós estamos construindo propostas para isso. Acho que agora é aproveitar esse momento e colocar as nossas propostas", acrescentou.
No início do mês, o ministro da Educação, Camilo Santana, suspendeu por 60 dias, a implementação do Novo Ensino Médio, reconhecendo que a reforma ocorreu sem um diálogo aprofundado com a sociedade. De acordo com o ministério, a suspensão começa a ser contada a partir do término da consulta pública promovida para a avaliação e a reestruturação da Política Nacional de Ensino Médio, que ocorre até o início de junho.
A presidente da União Brasileira de Estudantes Secundaristas (Ubes), Jade Beatriz, avaliou de forma positiva a suspensão, mas ressaltou que o prazo é insuficiente para discutir o novo ensino médio. "A gente entende que o que era antes [da reforma, definido pela Portaria 521, de 2021] já não nos serve também. O modelo de educação brasileira, de escola pública, ainda é o mesmo de 100 anos atrás. Nós precisamos apresentar um projeto que faça sentido, que seja construído por estudantes, por professores, por quem está diariamente dentro da escola pública", disse.
"Mas o prazo da suspensão não é suficiente para poder falar sobre todos os problemas que a reforma do ensino médio tem, todos os problemas que ela acaba agravando, como desigualdade social, evasão escolar e a dificuldade de ingressar na universidade por conta do ENEM [Exame Nacional de Ensino Médio]", acrescentou Beatriz.
A Apeoesp protesta ainda contra a redução do número de salas de aula no estado e a superlotação de turmas. A entidade sindical está fazendo um levantamento para verificar a efetivação do fechamento de classes nas escolas da rede estadual de ensino. Até ontem (25), o sindicato havia constatado o fechamento de 147 classes.
Em nota, a Secretaria de Estado da Educação disse que dialoga com a rede de ensino "a otimização da formação de classes com até 30 alunos, conforme a realidade local e com total garantia pedagógica do ensino aos estudantes".
De acordo com a pasta, as adequações na formação de turmas levam em consideração a preservação dos turnos e "medidas que evitem contingentes superiores a este número, impedindo qualquer superlotação. A Secretaria enfatiza também que as unidades escolares seguem abertas para debater com os alunos a possibilidade de adequação do atendimento às demandas e especificações necessárias".