O juiz de plantão Márcio André Lopes Cavalcante, da 9ª Vara Cível da Justiça Federal do Amazonas, determinou em uma liminar na madrugada deste domingo que o influenciador ficasse com a guarda provisória do bicho.
O magistrado disse que o argumento usado pelo Ibama de que animal silvestre era criado como bicho de estimação "é fruto de um profundo desconhecimento da realidade do interior do Amazonas e de um choque cultural".
O juiz afirmou que Tupinambá vive em simbiose com a floresta e os animais: "Percebe-se, portanto, que não é a Filó que mora na casa de Agenor. É o autor que vive na floresta, como ocorre com outros milhares de ribeirinhos da Amazônia".
Desde o sábado (29), populares se reuniam em frente ao Centro de Triagem de Animais Silvestres (Cetas), em Manaus, pedindo que o bicho fosse liberado.
O reencontro com Filó foi postado nos stories da deputada estadual Joana Darc (União Brasil-AM), que acompanha o caso em defesa do influenciador. Diante da multa do Ibama, Tupinambá chegar a realizar uma vaquinha online para pagar o valor. Ele conseguiu reunir mais de R$ 80 mil.
Em uma série de postagens no Twitter, o Ibama diz que autuou Tupinambá por vários crimes ambientais, que incluiriam a morte de uma preguiça real, o abuso contra a capivara e o fato de manter tanto Filó quanto um papagaio em cativeiro.
Em uma nota ao UOL, o Ibama disse também que é crime manter animais silvestres irregularmente e que a exposição deles em redes sociais "estimula a procura por esses animais, aquecendo o tráfico de espécies da fauna brasileira".
"Por mais que se acredite estar ajudando um animal silvestre, dando comida e abrigo, é importante entender que essa atitude pode prejudicá-lo, pois reduz sua capacidade de sobrevivência na natureza. Animais silvestres também podem transmitir doenças graves para os humanos", diz a nota do órgão.
Além das multas, Tupinambá foi notificado para apagar os vídeos de suas redes.
O influenciador vive em Autazes, no Amazonas, e tem quase dois milhões de seguidores no Instagram e no Tiktok. Ele viralizou mostrando seu dia a dia com a capivara.
"Queria mostrar um pouco da rotina e da cultura dos ribeirinhos, e o pessoal não fazia ideia de como é morar em um flutuante em cima do rio", disse ele em entrevista ao F5 em fevereiro. "Eu mostro que a gente pode ser muito feliz com pouco, só precisamos aproveitar as oportunidades e sempre respeitar a natureza".
Agenor contou que Filó foi um presente de seu primo, que a resgatou de um momento tenso. "A história dela é triste. Os índios caçam ali na região para se alimentar e acabaram atingindo a mãe dela. Por não saberem que ela estava grávida, a Filó acabou nascendo forçada. Ela sobreviveu e os índios a entregaram ao meu primo, que me presenteou depois."