"Os números se referem a favelas monitoradas pela pasta e não representam o total existente na capital. Esses locais são cadastrados para futuras intervenções ou por meio de determinações judiciais para atendimentos específicos", divulgou a pasta, em nota.
O censo do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) de 2010 indicou que a capital paulista tinha 1.020 aglomerados subnormais, conhecidos como favelas, grotas, palafitas, mocambo, entre outros. O número será atualizado com o censo a ser divulgado neste ano. O levantamento daquele ano mostrou também que havia 355.756 domicílios em áreas classificadas como aglomerados subnormais na cidade.A estimativa elaborada pelo órgão para a realização do Censo 2022 aponta aumento dessa base, com quase 530 mil domicílios. O dado foi divulgada em 2019 para ajudar no planejamento da vacinação contra a covid-19.
O coordenador da Rede Nossa São Paulo, Jorge Abrahão, avalia que o aumento reflete não apenas a crise econômica recente, mas uma falta de reação de políticas públicas do governo federal em relação ao período que o país viveu nos últimos quatro anos.
"Isso, na verdade, mostra o enorme problema social que a gente tem no Brasil. E esse problema acaba redundando evidentemente nessas questões de moradia e habitação, ele é causado por uma questão social que o país não tem conseguido resolver, essa é uma das consequências, não é a única, mas é uma das lamentáveis consequências", disse.
Ele explica que as favelas são produtos de um processo, resultado de uma soma de fatores. "Com o aumento dessa crise, do desemprego, da pobreza, o Brasil volta ao mapa da fome, os moradores de rua, por exemplo, na cidade de São Paulo, mais do que duplicaram, eram 16 mil um pouco antes da pandemia e passaram a ser o dobro disso", acrescentou, lembrando o aumento da inadimplência em contas básicas como água, luz e gás.
Segundo ele, esse contexto acaba levando as famílias mais vulneráveis a essa tomada de decisão, porque são pessoas que já vivem em situação muito vulnerável e, por isso, expostas a mais riscos.
"É por causa dessa crise econômica, substancialmente, que isso vem acontecendo, mas é também porque a gente viveu um período de governo, eu me refiro sobretudo à questão do governo federal - é óbvio que existem políticas locais que podem impactar e mitigar processos como esse - em que não houve resposta para esse tipo de problema, essa crise econômica na dimensão que a gente teve. Não teve políticas anticíclicas, não teve um projeto de país, de enfrentamento a isso."