O Santos já havia afastado Bauermann dos treinamentos e agora suspendeu o contrato por 30 dias, prazo máximo permitido pela lei. O jogador está em casa e não tem comparecido ao CT Rei Pelé a pedido do clube.
O Peixe aguarda os desdobramentos da investigação para negociar ou não a rescisão do acordo. O vínculo atual termina em 31 de dezembro de 2024.
A direção do Santos descartou, neste momento, rescindir com Bauermann por justa causa. A ideia é ter a segurança jurídica suficiente para não correr risco de processo se a operação do MP for anulada ou ele de alguma forma for considerado inocente.
Se Eduardo Bauermann for declarado culpado, o presidente Andres Rueda deve processar o defensor e exigir o pagamento da multa indenizatória do contrato.
"O Santos Futebol Clube informa que, diante dos fatos relacionados a operação Penalidade Máxima 2, o Clube suspendeu preventivamente o contrato de trabalho do atleta Eduardo Gabriel dos Santos Bauermann, que permanecerá afastado de suas atividades", disse o Santos, em nota oficial.
De acordo com o MP-GO, Bauermann teria recebido R$ 50 mil antes do jogo entre Santos e Avaí, no dia 5 de novembro de 2022, para receber um cartão amarelo. Como não levou a advertência, teria prometido levar o cartão vermelho contra o Botafogo, cinco dias depois. No Rio de Janeiro, o zagueiro de fato foi expulso.
Na conversa interceptada pelo Ministério Público, Eduardo Bauermann é cobrado por não ter levado o amarelo diante do Avaí e se compromete a levar o vermelho contra o Botafogo, porém, volta a ser interpelado por ter sido expulso após o apito final, o que não conta na maioria das casas de apostas. O lucro da quadrilha seria de R$ 800 mil.
Bauermann teria sido ameaçado de morte e teve um acordo com os apostadores intermediado por um de seus empresários. O zagueiro, pelo que mostra as mensagens, concordou em pagar R$ 50 mil em 20 parcelas, com juros, para abater a dívida de R$ 800 mil. Há comprovantes de pagamentos até fevereiro.
O DEPOIMENTO
O UOL teve acesso ao depoimento de Eduardo Bauermann, colhido no dia 24 de abril. O zagueiro do Santos pediu para se manifestar em outra oportunidade, mas negou as acusações.
Promotor Fernando Cesconetto: O senhor pretende responder alguma das perguntas ou prefere exercer o seu direito de ficar em silêncio?
Eduardo Bauermann: Seguindo a orientação dos advogados, até ter a íntegra das investigações, vou aguardar para me manifestar em uma próxima oportunidade.
Ana Corrêa (advogada): Ele vai ficar em silêncio agora pois a gente gostaria de ver tudo o que foi cumprido nessa segunda fase, mas ele tem a intenção de colaborar e esclarecer antes de uma eventual denúncia, não necessariamente ficar em silêncio na fase investigativa, mas aguardar os resultados das diligências e colaborar com a investigação.
Eduardo Bauermann: Só para reafirmar que não participei de nenhum tipo de esquema de qualquer manipulação, então para deixar claro que vamos estar à disposição para ajudar na investigação, mas neste momento vamos aguardar até ter a íntegra da investigação para se manifestar em outra oportunidade.
Em nota, a defesa de Eduardo Bauermann disse o seguinte: "Nosso cliente nega participação em qualquer esquema de manipulação de resultados. Assim, a defesa técnica tem a convicção de que ao longo da instrução processual irá provar sua inocência. Demais manifestações se darão apenas nos autos do processo, por entender que essa é a melhor forma de preservar os interesses do atleta."