Samsung, JPMorgan Chase, Deutsche Bank e Verizon tomaram decisões semelhantes. A Amazon não só veta o uso do chatbot da OpenAI, mas também recomenda que seus funcionários usem a IA da empresa (Code Whisper) para auxiliar em tarefas de programação.
Outras companhias como a Accenture dizem que o uso de inteligência artificial pode violar a governança da empresa e dão instruções de uso aos seus funcionários.
A Samsung tomou a decisão de vetar o uso do ChatGPT e de outras IAs geradoras, como Bing (Microsoft) e Bard (Google), após trabalhadores compartilharem segredos industriais da empresa com a plataforma.
Documento interno da fabricante coreana de eletroeletrônicos obtido pela Bloomberg indica que a empresa temia não ter controle sobre o armazenamento de informações internas em servidores de terceiros.
Para o professor da Faculdade de Direito da USP Juliano Maranhão, os dados vazados a inteligências artificiais nem sequer podem ser apagados. Como os prompts do ChatGPT, por exemplo, são usados para treinar o modelo de IA, a plataforma aprende a informação entregue.
"A inteligência artificial não faz uma busca como o Google. É um modelo de processamento de linguagem que entrega uma resposta a partir de um comando. Não tem como apagar informações", diz Maranhão, que é especialista em inteligência artificial.
Os modelos de IA, entretanto, precisam de muitos dados sobre determinado tema para entregar respostas precisas.
Procurada pela reportagem, a OpenAI não respondeu o pedido de informação até a publicação do texto.
A startup disponibiliza a opção de desativar o treinamento da inteligência artificial durante o uso do ChatGPT desde o último dia 25. Essa opção desativa o histórico de conversas com a IA, o que limita a experiência.
Segundo a área de dúvidas da plataforma, a startup trabalha em uma solução voltada a negócios para permitir desligar o treinamento da IA sem abrir mão do histórico.
A empresa também afirma em seu site que descarta os dados armazenados pelo ChatGPT a cada 30 dias. Nas configurações do chatbot, é possível baixar um relatório das informações guardadas pela empresa.
A Apple também recomendou que seus desenvolvedores não utilizassem o GitHub Copilot, inteligência artificial que auxilia na escrita de códigos de computação.
Procurado, o GitHub preferiu não comentar o caso. De acordo com o site da ferramenta, o Copilot armazena os códigos e os usa para treinar a própria IA apenas nos planos individuais, vendidos a US$ 10. Os usuários do pacote de negócios não entregam informações de seus programas à plataforma.
Maranhão afirma que as empresas, além de se preocupar com a divulgação de informações sigilosas, precisam se atentar com casos de plágio e divulgação de informações imprecisas por parte de quem usa inteligências artificiais geradoras. "Tudo isso precisa ser checado."
O chefe-executivo da empresa de marketing digital Clearlink, James Clarke, se disse preocupado ainda com trabalhadores remotos que usam IA para ganhar tempo. Sem supervisão, eles poderiam assumir vários empregos. A declaração fez parte de um vídeo interno da Clearlink que vazou.
VEJA EMPRESAS QUE BANIRAM IA GERADORA
- Samsung: ressalva quanto à vazamento de informação estratégica e segredo industrial
- Apple: ressalva quanto à vazamento de informação estratégica e segredo industrial
- Deutsche Bank: segurança dos dados do banco e dos clientes
- Verizon: segurança dos dados do banco e dos clientes
- Northrop Grumman: ressalva quanto à vazamento de informação estratégica e segredo industrial
- Amazon: recomenda o uso da própria ferramenta Code Whisper
- JPMorgan Chase: limitação de uso de software externos imposta pela política do banco
- Citigroup e Goldman Sachs: limitação de uso de software externos imposta pela política do banco
- Bank of America: limitação de uso de software externos imposta pela política do banco