No auge da Blitz, banda-sensação no país nos anos 1980 e no início dos anos 1990, Evandro Mesquita, vocalista do grupo, recebeu uma proposta irrecusável: gravar uma propaganda da Pepsi ao lado de Tina Turner. Como se não bastasse, seria em Los Angeles, nos Estados Unidos, no mesmo estúdio em que os Rolling Stones e Bob Dylan já tinham gravado. “Um sonho”, resume o cantor, que lembra dos detalhes do encontro com a cantora, que morreu nesta quarta-feira (24), aos 83 anos.
“Sabe aqueles sonhos em que a gente acha que nunca mais vai cair na real? Foi isso. E de repente você está num estúdio gravando, onde passaram os Stones, Bob Dylan e Nash & Young? Sensacional. Cheguei lá e ela tinha acabado de botar a voz. Estava todo mundo, a diretoria da Pepsi e a banda dela completa. Cheguei supernervoso”, lembra. A gravação aconteceu em 1991.
Evandro adotava uns mullets estilosos até parecidos com o corte de cabelo de Tina, e conta que gravou de primeira a sua parte no comercial. “As pessoas no estúdio me aplaudiram e aí deu para relaxar. Estava tenso”, admite. Sobre Tina, também só lembranças boas. “Ela me deixou à vontade. Foi supercarinhosa e receptiva comigo. Ficava pedindo para falar em português porque adorava a musicalidade da língua. Fiquei encantado com a simplicidade dela”, destacou o cantor.
Ele lembrou também do dia seguinte, em outro estúdio de Hollywood. “Era um lugar enorme e me lembro que tinham muitos figurantes. Milhares deles, para passar a ideia de uma multidão assistindo ao show da Tina Turner. Ela, novamente, me recebeu superbem”.
Mesquita descreve a experiência como “inacreditável”. “Estar ali cantando com ela do meu lado com aquele bocão (risos), aquela voz incrível e uma simplicidade única! Foi inacreditável. Uma estrela de verdade age assim e isso ficou guardado na minha alma, ficou tatuado”, disse.
Só que o anúncio com Tina Turner trouxe problemas para Evandro e os outros integrantes da Blitz. A gravação do vocalista com a cantora americana, sozinho, deu uma estremecida na boa relação do grupo, que resultou no primeiro afastamento da banda. “Quem era meu amigo mesmo, me deu força. Mas alguns da banda não queriam, gerou ciúmes em algumas pessoas que não seguraram a onda. Vida que segue. Era uma experiência irrecusável”, disse o cantor em entrevista recente.