A disseminação do vírus H5N1, agente causador da gripe aviária ou influenza aviária, pode impactar o mercado de soja e milho no Brasil. O alerta foi feito essa semana pela a Associação dos Produtores de Soja e Milho de Mato Grosso do Sul (Aprosoja/MS), com base no volume dos grãos destinados à produção de ração no mercado interno. Atualmente, o Espírito Santo, Rio de Janeiro, São Paulo, Rio Grande do Sul e Bahia registraram casos positivos, totalizando 31 ocorrências em aves silvestres no Brasil.
O presidente da Aprosoja/MS, André Dobashi, alerta que a cadeia de grãos está intimamente relacionada com a produção de aves, uma vez que a dieta dos animais de produção comercial é basicamente formada por grãos. "Aqui no Estado, na última safra de milho, a indústria de ração foi responsável por captar cerca de 84% do volume interno. Somente para a cadeia avícola, foram mais de 890 mil toneladas, o que evidencia a relação entre grãos e aves", exemplifica.
Casos de surtos da doença em animais de produção comercial acarretam em barreira sanitária para a negociação de produtos avícolas no mercado interno e externo, o que pode causar prejuízo econômico para todos os setores envolvidos, considerando uma possível redução no plantel de aves, demanda por grãos para ração e, consequentemente, aumento de oferta de produtos.
Nesta atual safra de milho, pelas previsões da Companhia Nacional de Abastecimento (Conab), Mato Grosso do Sul deve colher 12 milhões de toneladas do grão. A safra de soja, 100% colhida, rendeu aos agricultores do Estado um total de 15 milhões de toneladas da oleaginosa.
Apesar de não ter nenhum registro da doença, Mato Grosso do Sul decretou estado de Alerta Zoossanitário, em caráter preventivo, no início deste mês. A Secretaria de Meio Ambiente, Desenvolvimento, Ciência, Tecnologia e Inovação (Semadesc), encarregou o Grupo Especial de Atenção à Suspeita de Enfermidades Emergenciais ou Exóticas de MS para executar as atividades de monitoramento, avisos e demais ações de prevenção à ocorrência da influenza aviária H5N1.
Desde o dia 22 de maio, o Brasil está em estado de emergência zoossanitária por 180 dias, de acordo com a Portaria do Mapa nº 587.
Em caso de suspeita de influenza aviária em MS, deve-se comunicar imediatamente a Agência Estadual de Defesa Sanitária Animal e Vegetal de MS (Iagro), através do 67.99961.9205 (apenas WhatsApp) ou realizar a notificação clicando aqui.
De acordo com a Embrapa Suínos e Aves, o vírus Influenza A pode infectar aves e mamíferos, incluindo humanos, e é transmitido de forma eficaz através de partículas respiratórios, fezes e fluídos corporais, diretamente (hospedeiro-hospedeiro) ou indiretamente (água ou objetos contaminados).
Nas aves domésticas, a doença é caracterizada, principalmente por alta mortalidade e problemas respiratórios tais como tosses, espirros, muco nas narinas e hemorragias nas partes desprovidas de penas e mucosas. Podem ocorrer sinais clínicos nervosos tais como o andar cambaleante das aves. Em aves em postura ocorre queda de produção de ovos.