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Roteiro a pé resgata memória LGBTQIA+ no centro do Rio

O Rio de Janeiro é citado com frequência nas listas internacionais de melhores destinos de viagem para a população LGBTQIA+, e, em especial, para os gays.

Por Midia NAS em 24/06/2023 às 08:33:28

Sede do Grupo Arco-Íris no centro da cidade do Rio de Janeiro. Tânia Rêgo/Agência Brasil

A segunda parada é o Grupo Arco-Íris, uma das mais antigas entidades LGBTQIA+ da cidade. Criada em 1993 para promover o bem estar e os direitos da população LGBTQIA+ e soropositiva, o grupo organiza desde 1995 a Parada LGBTQIA+ de Copacabana, a maior da cidade.

Lapa

Vizinho à Praça Tiradentes, o bairro da Lapa, na região central do Rio, é considerado uma continuidade dessa efervescência pelo roteirista. Na Lapa, estão ainda hoje bares e casas de show que abraçam a diversidade, e Macedo explica porque é tão importante incluir espaços de festa na memória da resistência LGBTQIA+.

"A gente reforça o fato de que é necessário um espaço de socialização e afeto. É uma população que sofria violências o tempo todo. E como você vai exercer o seu desejo e a sua identidade dessa forma? O espaço de afeto e socialização era fora de casa. Todo mundo socializa através do desejo e, se você não pode exercitar o seu desejo dentro da sua casa, você vai exercitar fora. As pessoas tentam fazer com o que elas têm".

A primeira parada na Lapa é o clube Turma Ok, fundado em 1961. Ele é considerado o mais antigo clube que reúne LGBTQIA+ do Brasil que continua em atividade. A casa promove reuniões entre os sócios, recebe convidados e apoiadores para almoços, noites de bingo e espetáculos de variedades, como shows de gogoboys e transformistas.

A presença histórica das travestis na Lapa é reverenciada com uma passagem pelo Casarão de Luana Muniz, onde viveu a travesti que abrigou e orientou outras mulheres trans que dependiam da prostituição para sobreviver. Luana ficou nacionalmente famosa, quando, ao ser registrada pelo programa Profissão Repórter, da TV Globo, proferiu a frase "travesti não é bagunça", que se tornou um grito de resistência da população trans.

Dois cabarés também fazem parte da programação na Lapa. Ainda em atividade, o Cabaré da Jacke, uma travesti empreendedora, promove festas e shows e emprega outras travestis no local que já foi a boate Sinônimo, outro famoso ponto de encontro da população LGBTQIA+. Já no Cabaré Casanova, que não funciona mais, ícones como Laura de Vison, Meime dos Brilhos e Madame Satã fizeram história com suas apresentações.

Cinelândia

A parte final do trajeto é na Cinelândia, onde o percurso encontra a luta de Marielle Franco para aprovar o Dia da Visibilidade Lésbica. Um ano antes de seu assassinato, a vereadora mobilizou uma agenda de lutas coletivas com o projeto de lei, que foi rejeitado em 2017. Em resposta, o movimento de lésbicas realizou uma ocupação nas escadarias da Câmara dos Vereadores, o Ocupa Sapatão. A luta pelo dia de visibilidade continuou até que a lei fosse aprovada, em 2022.

Assim como o Cine Íris, o Cine Rex se tornou ponto de encontro entre homens homossexuais e bissexuais no século 20 pela exibição de filmes pornográficos em um espaço com privacidade. Ao seu lado, a programação termina no Teatro Rival, espaço que marcou época com apresentações de travestis pioneiras da cidade, como Rogéria, Marquesa, Brigitte de Búzios, Jane Di Castro, Divina Valéria, Eloína dos Leopardos, Camille K e Fujika de Halliday. Ainda hoje, a arte LGBTQIA+ se faz presente na programação, e o Rivalzinho, bar ao lado, é ponto de festas considerado amigável para a comunidade.

"É importante que a população tenha não só uma plaquinha nesses lugares, mas que haja mais rolés assim. A ideia é não parar no centro, é percorrer o Rio de Janeiro inteiro. Porque o Rio de Janeiro inteiro e o Brasil inteiro têm vestígios, registros e memória LGBT", define Guilherme Macedo.

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