A vítima de extorsão, do falso sequestro ocorrido nessa terça-feira (27) em Campo Grande, fez a transferência dos R$ 50 mil sozinha em uma agência bancária e o dinheiro foi "dissolvido" em várias contas. Envergonhada de ter caído em um golpe, a idosa de 65 anos só procurou a polícia horas após o crime. Os dois autores ainda são procurados.
Conforme explicado pelo delegado Fábio Peró, do Garras (Delegacia Especializada em Roubos a Bancos, Assaltos e Sequestros), a vítima teria inventado a história de que estava com uma amiga por sentir vergonha de admitir à família que caiu em um golpe.
Ela relatou em depoimento que foi abordada por uma mulher, na Avenida Afonso Pena, que disse que se chamava Maria. A idosa teria perguntado "é a Maria de Bandeirantes?" e a criminosa confirmado. Em seguida, a autora comentou que teria recebido um bilhete premiado da loteria e precisava de uma quantia para fazer a retirada do prêmio.
Foi quando a vítima confiou na autora e as duas seguiram inicialmente a pé até uma agência bancária. No trajeto, a suposta amiga teria dito que era melhor elas chamarem um motorista, mas não tinha o aplicativo baixado no celular. O comparsa apareceu e teria dito ser motorista de aplicativo, oferecendo levá-las.
Conforme explicado pelo delegado, a idosa afirmou que tinha o valor de R$ 50 mil, de economias, e desceu sozinha no banco para fazer a transferência, na boca do caixa, acreditando estar ajudando uma amiga. A vítima foi abordada por volta das 10h, mas só procurou a delegacia às 17h.
Isso porque, segundo apurou a investigação, os criminosos ficaram percorrendo a cidade até que o valor fosse transferido para diversas contas, para que só então fosse sacado. Após conseguirem, a quadrilha deixou a idosa próximo ao local onde ela foi abordada.
"Ela só se deu conta que tinha caído em um golpe quando mandaram ela sair do carro", afirmou Peró. A polícia suspeita que a transferência do valor de R$ 50 mil possa ter sido facilitado, já que trata-se de alta quantia, devido a conta inicial dos criminosos e a conta da idosa serem da mesma instituição bancária.
Os autores ainda são procurados e estariam em um VW Gol branco. Foram feitas buscas em hotéis próximos à região da antiga rodoviária, onde os criminosos poderiam estar hospedados, mas ninguém foi encontrado. O delegado explica que é comum nessa modalidade de crime os autores ficarem temporariamente em algumas cidades.
A vítima de 65 anos disse em depoimento que foi chamada pela suposta amiga que dizia morar em Bandeirantes para ajudá-la a ir até a Caixa Econômica Federal para resgatar um bilhete premiado no valor de R$ 17 milhões. Segundo a idosa, a amiga chegou a mostrar o bilhete do prêmio e após o pedido de ajuda, as duas mulheres foram a pé até a agência bancária, mas no trajeto acabaram pegando um motorista de aplicativo, na Avenida Ernesto Geisel.
Quando as mulheres estavam no carro, o motorista sacou uma arma e pegou a bolsa da idosa e dentro ele achou um extrato bancário e vendo o saldo levou as mulheres até a Caixa Econômica Federal da Avenida Afonso Pena, onde mandou que ela fizesse a transferência para a conta de uma mulher.
A mulher foi ameaçada de morte pelo bandido, caso a idosa não fizesse a transferência e com medo de que a mulher fosse assassinada, a vítima fez o que o bandido ordenou. Em seguida, ela foi liberada pelo autor que fugiu levando a 'amiga'.