O estado se une a outros cinco que decretaram emergência, desde o fim de maio, por causa do avanço dos casos infantis de síndrome respiratórias graves: Acre, Amapá, Paraíba, Pernambuco e Santa Catarina. Em São Paulo, os casos também se agravaram.
A SRAG é uma definição estabelecida pelo CID (Classificação Internacional de Doenças) que corresponde a um conjunto de sintomas que apontam o agravamento severo de um problema respiratório. Por isso, a síndrome não está relacionada a um vírus específico. Doenças como gripe, Covid, bronquite e até mesmo bactérias e fungos podem levar a essa condição.
Até 10 de junho, a rede pública do Rio Grande do Sul acumulava 2.806 casos de hospitalizações pela síndrome em pacientes de até 11 anos. No mesmo período do ano passado, havia 2.279. O aumento foi de 23%.
Se comparado a números anteriores à pandemia de Covid, pode-se perceber melhor a gravidade do cenário atual. Em 2019, até a mesma data, ocorreram 693 hospitalizações, sendo que 151 pacientes necessitaram de UTI. Neste ano, 642 casos chegaram a UTI.
O número de casos que ocuparam leitos de UTI é maior do que nos anos de pandemia: foram 183 crianças internadas em UTI no mesmo período de 2020, e 435, no de 2021.
Conforme nota do governo gaúcho, o decreto permite adotar medidas de prevenção e enfrentamento à síndrome. Uma delas, por exemplo, determina que as redes hospitalares que atendem pelo SUS devem priorizar a disponibilização dos leitos clínicos com ventiladores respiratórios e de UTI pediátricas para os casos de SRAG em crianças.
Em paralelo, o Governo do Rio Grande do Sul usa o decreto para pleitear verbas de até R$ 26 milhões do Ministério da Saúde para reforçar serviços em hospitais e outras portas de entrada no sistema de saúde. O recurso se uniria aos R$ 11 milhões já aplicados por meio do Programa Inverno Gaúcho, que tem a mesma finalidade.
De acordo com o Departamento de Gestão de Atenção Especializada da Secretaria Estadual da Saúde, além da chegada do inverno, o aumento de casos pode estar relacionado indiretamente à pandemia.
Após um longo período de distanciamento social, as crianças retornaram ao convívio em escolas e ambientes sociais e foram submetidas abruptamente a vírus dos quais vinham sendo resguardadas. A imunidade, que vai sendo gerada de forma escalonada em um processo natural de convívio, sofre um revés.
Outra causa pode ser a baixa adesão à Campanha Nacional de Vacinação nos últimos anos, sobretudo contra a gripe. Em 2019, por exemplo, em um cenário pré-pandemia, o Rio Grande do Sul encerrou a campanha com 64% das crianças entre 6 meses e 6 anos imunizadas, índice que já é considerado baixo frente à meta de 90%. Em 2023, esse índice foi de 25,33% -embora a campanha tenha sido encerrada, ainda há doses disponíveis na rede pública.
Por esse motivo, a secretaria reforça as recomendações de vacinas em crianças e adultos, tanto a da gripe quanto a contra a Covid. A vacina contra a gripe está liberada para todos os públicos nos postos de saúde