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Declamação da literatura de cordel leva a festival histórias e crendices de Mato Grosso do Sul

A poetisa Aurineide Alencar, cordelista e professora aposentada de Dourados, levou para o Festival de Inverno de Bonito um pouco do seu trabalho como escritora da literatura de cordel.


A poetisa Aurineide Alencar, cordelista e professora aposentada de Dourados, levou para o Festival de Inverno de Bonito um pouco do seu trabalho como escritora da literatura de cordel. No Centro de Múltiplo Uso, apresentou neste fim de semana um pouco das histórias e crendices de Mato Grosso do Sul que foi escrevendo ao longo de sua carreira como cordelista.

Aurineide mora em Dourados há 26 anos, mas nasceu no sertão da Paraíba, da cidade de Catolé do Rocha, e de lá veio sua paixão pelo cordel. "Eu sou de um lugar onde as pessoas convivem com essa literatura no dia a dia. Ela faz parte da vida das pessoas, nas famílias, mesmo que não tenha um poeta profissional, um escritor profissional, as pessoas aprendem, decoram, todo mundo lá vivencia isso nas festas, tem festivais… inclusive a literatura de cordel no Nordeste tem muitas escolas que adotam na grade curricular. Eu aprendi a ler num folheto de cordel, desde a minha infância que eu lia o cordel também para meu pai, que era analfabeto, mas no cordel ele consegue entender e decorar toda aquela história quando ele ouve".

A professora aposentada e poetisa sempre acreditou na capacidade do cordel de servir de apoio ao ensino nas escolas e baseou sua vida profissional nesta crença. "Quando eu iniciei minha carreira de professora, por eu ser adepta da literatura de cordel, vi que a gente tem muita facilidade em aprender por meio desta literatura. Eu sempre utilizei nas minhas aulas como material de apoio. Então, eu preparava as aulas para os meus alunos, sou uma professora dos anos iniciais, então eu fazia o planejamento sempre em cima daqueles cordéis que eu mesma escrevia para os meus alunos como um apoio didático", conta.

"Depois que me aposentei, fiquei sem o meu público que foi o meu aluno. Foi aí que eu comecei a participar de feiras, de eventos, e hoje eu estou aqui para participar do Festival de Inverno de Bonito. Estou muito agradecida de ver que está tendo este retorno de tantos anos que eu venho tentando fazer esta divulgação dessa literatura de cordel. Agora, estou tendo a chance de levar o cordel para todo Mato Grosso do Sul".

Aurineide escreveu diversos livros, entre eles "Mato Grosso do Sul nas Asas do Cordel", que ainda faz parte daquele conteúdo que a autora escrevia os cordéis para os seus alunos. Foi publicado em 2015 em Dourados e trata-se de uma coleção dos cordéis para os alunos. Além desse livro, a autora também escreveu uma coleção que foi lançada este ano dos clássicos infantis que ela escreveu em literatura de cordel, para o público infantil.

A autora acredita que o potencial do cordel de auxiliar no ensino formal nas escolas vem da musicalidade das palavras. "O cordel tem aquela musicalidade, então a gente sabe que através da música é muito mais fácil você colocar na sua mente quando você ouve uma melodia, grava aquilo lá e não esquecer mais. É por isso que eu sempre defendi que o cordel auxilia no processo da aprendizagem que ele tem e daquela facilidade que você tem em captar aqueles versos e ficar na memória. Eu tenho versos, histórias que eu ouvi quando eu era criança que a gente nunca esquece".

A temática preferida da autora está nas histórias regionais, "Nos meus cordéis, eu tenho histórias da minha vida, tenho muitos cordéis históricos, didáticos, de quando eu trabalhava. Eu usava em todos os conteúdos – matemática, português, ciências, história e geografia – em qualquer disciplina cabe a literatura de cordel. Eu tenho de todas as disciplinas. Mas escrevo ficção, gosto de escrever folclore e gosto muito de dar preferência à história do lugar. Eu tenho um e-book que foi pela Lei Aldir Blanc que se chama "Dourados Vive o Cordel". Sou nordestina, mas prefiro contar histórias de Mato Grosso do Sul. É isso que eu quero, que a literatura de cordel esteja em Mato Grosso do Sul e eu quero que Mato Grosso do Sul esteja na literatura de cordel.

Aurineide falou das dificuldades que enfrentou na sua vida profissional em adotar a literatura de cordel como apoio para suas aulas. "Não foi muito fácil, eu quando iniciei meu trabalho na rede pública e eu queria colocar esta literatura dentro da escola, nas minhas aulas, muitas vezes eu fui barrada, por meio de direção e coordenação, porque eles falavam para mim que a literatura de cordel não presta. Mas eu me empenhei, cheguei a fazer o meu mestrado nesta área porque eu quis defender a literatura de cordel como um facilitador da aprendizagem. Eu passei por um período difícil tanto que o meu primeiro livro que escrevi e consegui publicar foi em 2012, intitulado Nas Veredas do Cordel. Eu passei por um caminho muito estreito para conseguir dizer que o cordel é bom, é rico, é a nossa literatura, é patrimônio cultural imaterial do Brasil. É uma coisa linda que a gente tem que amar, nossa cultura. E a gente tem que mostrar Mato Grosso do Sul também pela literatura de cordel".

Na plateia, a aposentada Maria José Ferreira, moradora de Bonito, acompanhava encantada à leitura das histórias do cordel. "Eu achei simplesmente maravilhoso, adorei. Eu amo muito o cordel. Estudei muito sobre essas coisas e gosto. Eu já conhecia a literatura de cordel porque estava ensinando as crianças quando estava com as aulas on-line e fui pegando as matérias e me apaixonei. Mas eu já conhecia um pouco do cordel quando era criança. Eu adorei ajudar as crianças na pandemia porque fui aprendendo um pouco que eu não sabia também e nós estudamos esta matéria. E eu vi ela falar tão emocionada, tão bonito, tão sentimental, lindo. Ela está falando da alma dela. Adorei".

Sua coleta Maria Aparecida Flores, dona de casa, moradora de Bonito, acompanhava com muita atenção e interesse. "Achei muito bonito, eu adoro histórias de cordel. Sempre gostei, desde criança. Eu já conhecia. Eu contava pros meus filhos, pros meus netos. A história que me tocou hoje foi a do 'Senhorzinho', porque é real, foi uma coisa que aconteceu mesmo. Eu leio muita história, adoro".

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