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Crescimento do setor de serviços pode impedir queda mais efetiva da taxa básica de juros

Demanda ainda reprimida impulsiona segmento responsável por 70% do PIB e preocupa o BC na tentativa de direcionar a inflação de volta para a meta O setor de serviços brasileiro cresceu 0,6% no segundo trimestre e engatou o 12º dado positivo consecutivo.

Por Midia NAS em 11/09/2023 às 08:25:20

Demanda ainda reprimida impulsiona segmento responsável por 70% do PIB e preocupa o BC na tentativa de direcionar a inflação de volta para a meta

O setor de serviços brasileiro cresceu 0,6% no segundo trimestre e engatou o 12º dado positivo consecutivo. Com a última queda do segmento apurada entre abril e junho de 2020 (-9,7%), no auge da pandemia, a expansão significativa sinaliza um aumento de preços do ramo responsável por 70% do PIB (Produto Interno Bruto), o que tende a impedir cortes mais efetivos da taxa básica de juros nos próximos meses.

Após permanecer por um ano no maior patamar desde 2017, a taxa Selic caiu 0,5 ponto percentual, para 13,25% ao ano, na última reunião do Copom (Comitê de Política Monetária), realizada no início de agosto. Agora, o mercado financeiro prevê novas quedas dos juros básicos. O BC (Banco Central), no entanto, diz estar atento à trajetória dos preços.

Na ata da reunião que efetivou o primeiro corte da taxa Selic em três anos, os diretores da autoridade monetária afirmam que o recente comportamento da inflação de serviços foi debatido “de forma profunda”. “Notou-se que os indicadores desse segmento apontam para uma continuidade na trajetória de desinflação do período recente, a despeito de alguma oscilação em níveis ainda acima do patamar compatível com a meta”, avalia o Copom.

De acordo com o IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística), o IPCA (Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo) acumulava alta de 3,16% nos 12 meses finalizados em junho. O valor corresponde a quase metade da variação apurada somente para o setor de serviços (6,21%) no mesmo período.

Para Gustavo Cruz, estrategista chefe da RB Investimentos, a sequência de avanços do setor de serviços no Brasil reflete a demanda que ficou reprimida durante a pandemia do novo coronavírus. “As pessoas ainda topam pagar mais caro por shows, eventos e viagens para consumir serviços, algo que ficaram sem nos últimos anos”, ressalta.

De acordo com Cruz, o movimento atrapalha o ritmo de desaceleração da inflação, o que motiva a preocupação com o futuro da taxa básica de juros. “A retirada das pressões do setor de serviços é um pouco mais lenta, o que vai deixar o Banco Central um pouco mais reticente sobre acelerar o corte dos juros”, diz ele, que prevê uma retomada da discussão no fim deste ano.

Claudio Felisoni, presidente do Ibevar (Instituto Brasileiro de Executivos de Varejo), explica que o setor de serviços responde por cerca de 35% da composição do IPCA, o que pode trazer um impacto "significativo" no tamanho das quedas recentes dos juros. "A inflação associada aos serviços opera em ritmo de queda, mas, se isso não acontecer do modo como se imagina, essa situação pode impedir movimentos mais efetivos de redução da Selic", diz ele.

Por outro lado, Carla Argenta, economista-chefe da CM Capital, afirma que o ápice da demanda no setor de serviços já ficou para trás e as pressões inflacionárias são cada vez menores e já estão presentes na análise recente do Copom. “A inexistência de surpresas, na verdade, mantém o plano de voo inicial do Banco Central”, observa.

A discussão considera que a taxa Selic é a principal ferramenta da política monetária para determinar a inflação em uma economia. Isso acontece porque os juros mais altos encarecem o crédito, reduzem a disposição para consumir e estimulam novas opções de investimento pelas famílias.

Na avaliação do mercado financeiro, a taxa básica de juros ainda deve cair mais 1,5 ponto percentual nas reuniões do Copom marcadas para os meses de setembro, novembro e dezembro, com baixas de 0,5 ponto em cada um dos encontros. Se o movimento for confirmado, a taxa Selic chegará ao fim de 2023 em 11,75% ao ano.

Fonte: R7

Tags:   Economia
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