O aumento dos casos de suicídio no estado de Mato Grosso do Sul é um alerta para chamar atenção das políticas públicas voltadas ao tema. Somente neste ano, 130 pessoas já tiraram a própria vida no estado, sendo 87 homens, 23 mulheres e 20 boletins de ocorrência sem o gênero informado. Sete destas pessoas eram adolescentes, sendo em julho o mês com mais casos: 25.
Com a pandemia, os números pularam de 187 casos em 2020, para 241 em 2021. Em 2022 foram registrados 223 suicídios em Mato Grosso do Sul, segundo a Polícia Civil.
Os sinais mais comuns foram listados pela psicóloga Natielle Braga, pós-graduada em Terapia Cognitiva e com especialização em métodos de prevenção ao suicídio, em entrevista à TV Assembleia, para o programa Juventude em Pauta. Segundo a especialista, é preciso observar se a pessoa: tem falado sobre morte, se há afastamento do meio social, demonstra não ter perspectiva de vida (falta de sonhos para o futuro), faz despedidas, se desfaz de objetos que sempre foi apegada, resolve pendências que eram entraves, não cuida mais da aparência (sempre foi vaidosa e agora nem corta mais o cabelo) e tem ideações suicidas.
"Em torno de 90% das pessoas que cometem sofrem de uma doença psiquiátrica. Quem tem uma depressão, uma ansiedade não tratada, dificuldade de lidar com as situações, isso vai criando dentro dela toda uma fantasia que, para quem está em sofrimento, que desde a infância não consegue falar e reproduzir os sentimentos, sobre aquilo que atormenta ela, ela vai expressar tentando ou atentando contra a própria vida", explicou a psicóloga, que relembrou que há também questões de ordem financeira e perda de pessoas queridas que pode levar as pessoas a procurarem pelo suicídio.
Desde 2003, o dia 10 de setembro é marcado como o Dia Mundial de Prevenção do Suicídio. No Brasil, a data foi reforçada em 2014 com a criação da campanha Setembro Amarelo, idealizada pela Associação Brasileira de Psiquiatria (ABP) em parceria com o Conselho Federal de Medicina (CFM). O objetivo é conscientizar a população sobre a temática.
Como ajudar
A ajuda que muitas pessoas precisam pode vir por vários caminhos. Um deles é o SUS. Em todo o Mato Grosso do Sul, serviços pelo Sistema Único de Saúde estão disponíveis para a população que precisa de cuidados. Os Centros de Atenção Psicossocial (CAPs) e ambulatórios de saúde mental estão espalhados por 22 cidades do Estado.
Com atendimento especializado, os CAPs funcionam em Aparecida do Taboado, Aquidauana, Bataguassu, Bela Vista, Bonito, Caarapó, Camapuã, Campo Grande, Cassilândia, Chapadão do Sul, Corumbá, Costa Rica, Coxim, Dourados, Maracaju, Nova Andradina, Naviraí, Paranaíba, Ponta Porã, Rio Verde de Mato Grosso, São Gabriel do Oeste e Sidrolândia.
Confira a lista de contatos aqui.
Quem precisar de apoio nos demais municípios do Estado pode procurar atendimento na unidade básica de saúde – o postinho do bairro. Outra alternativa é Centro de Valorização da Vida (CVV), que atende gratuitamente pelo telefone 188.