Causada pela bactéria Treponema pallidum, a sífilis é uma Infecção Sexualmente Transmissível (IST) que tem cura, mas se não for diagnosticada e tratada, pode causar complicações. O alerta aos cuidados, atenção e prevenção são reforçados todo terceiro sábado de outubro, no Dia Nacional de Combate à Sífilis e à Sífilis Congênita. Nesse contexto, o Ministério da Saúde veicula campanha informativa por meio das redes sociais.
A doença se apresenta nos estágios primário, secundário, latente e terciário. Nos estágios primário e secundário, a possibilidade de transmissão é maior, via relação sexual com uma pessoa infectada. Os casos mais graves da sífilis adquirida são observados na fase terciária, pois se não houver tratamento adequado podem surgir complicações graves, como lesões cutâneas, ósseas, cardiovasculares e neurológicas, podendo levar até à morte. Em todos os estágios, a sífilis pode ser transmitida para a criança durante a gestação ou parto.
Em 2021, foram registrados no Brasil mais de 167 mil novos casos de sífilis adquirida, com taxa de detecção de 78,5 casos para cada grupo de 100 mil habitantes; 74 mil casos em gestantes, com taxa de 27,1 para cada 1 mil nascidos vivos; 27 mil ocorrências de sífilis congênita, com taxa de 9,9 em menores de um ano por 1 mil nascidos vivos; e 192 óbitos por sífilis congênita, com taxa de 7,0 por 100 mil nascidos vivos.
Até junho de 2022, foram registrados no país 79.587 casos de sífilis adquirida, 31.090 casos de sífilis em gestantes e 12.014 casos de sífilis congênita.
"O ritmo de testagem tem aumentado, o que permite ampliar o diagnóstico da doença, principalmente entre gestantes e também a oferta de tratamento em tempo oportuno", observa a coordenadora-geral de Vigilância das Infecções Sexualmente Transmissíveis do Ministério da Saúde, Angelica Espinosa Miranda.
O teste rápido de sífilis está disponível nos serviços de saúde do SUS, sendo prático e de fácil execução, com leitura do resultado em no máximo 30 minutos, sem a necessidade de estrutura laboratorial. Em 2022, até setembro, foram distribuídos 9,5 milhões de testes rápidos para todos os estados e o Distrito Federal. O número supera o de entregas feitas em todo o ano de 2021, que foi de 9,03 milhões.
Para prevenir a sífilis, é fundamental o uso da camisinha masculina ou feminina. É a única forma de evitar a doença. Só em 2022, o Brasil distribuiu 293,9 milhões de preservativos masculinos e 4,5 milhões de femininos para os 26 estados e o Distrito Federal.
O tratamento da sífilis é feito com antibiótico, que pode ser encontrado nas Unidades Básicas de Saúde. Em caso de gestante, devido ao risco de transmissão ao feto, o tratamento deve ser iniciado apenas com um teste positivo, sem precisar aguardar o resultado do segundo teste.
A infecção por sífilis pode colocar em risco tanto o adulto como o bebê durante a gestação. Por isso, recomenda-se o acompanhamento e testagem das gestantes e parcerias sexuais durante o pré-natal, a fim de prevenir a sífilis congênita.
A sífilis congênita pode gerar consequências graves ao bebê, como surdez, cegueira, alterações ósseas e deficiência mental, podendo levar à morte. Portanto, toda gestante deve ser testada na primeira consulta do pré-natal (idealmente, no 1º trimestre da gestação); no início do 3º trimestre (28ª semana); no momento do parto, ou em caso de aborto/natimorto, independentemente de exames anteriores.
Para reforçar as ações de combate à sífilis congênita no Brasil, o Ministério da Saúde instituiu o Selo de Boas Práticas rumo à Eliminação da Transmissão Vertical da Sífilis e/ou HIV. Em 2022, 45 municípios com mais de 100 mil habitantes aplicaram para receber a certificação. Para sífilis, 21 propostas foram submetidas e estão em análise na comissão nacional de certificação, sendo duas para a categoria ouro, 14 prata e cinco bronze. A entrega dos certificados será realizada em evento no dia 7 de dezembro.
Os sintomas variam de acordo com cada estágio da doença. Na fase primária, ocorre o surgimento de ferida no pênis, vulva, vagina, colo uterino, ânus, boca ou outros locais da pele, entre 10 e 90 dias após o contágio. Essa ferida não causa dor, coceira, ardência ou aparecimento de pus, podendo estar acompanhada de ínguas (caroços) na virilha. A ferida desaparece sozinha, independentemente de tratamento.
Na sífilis secundária, os sinais aparecem entre seis semanas e seis meses do aparecimento e cicatrização da ferida inicial. Podem surgir manchas no corpo, que geralmente não coçam, incluindo palmas das mãos e plantas dos pés. Também podem ocorrer febre, mal-estar, dor de cabeça e ínguas pelo corpo. As manchas desaparecem em algumas semanas, independentemente de tratamento, trazendo a falsa impressão de cura.
A sífilis terciária pode surgir entre um e 40 anos após o início da infecção e costuma apresentar lesões cutâneas, ósseas, cardiovasculares e neurológicas.
Uma pessoa pode ter sífilis e não saber, isso porque a doença pode aparecer e desaparecer, mas continuar latente no organismo. A fase assintomática é chamada de sífilis latente, sem sintomas ou sinais, dividida em recente (até um ano de infecção) e a tardia (mais de um ano de infecção).
O Boletim Epidemiológico Especial sobre a Sífilis – 2022 está disponível clicando aqui.