"Não há caminho fora da nova economia, que é a economia da transição energética, que estamos chamando de justa e inclusiva, porque os brasileiros e brasileiras – estamos tendo muito cuidado com isso – não podem pagar caro por essa transição. Muito pelo contrário, ela tem que ser uma janela de oportunidades", afirmou ao participar do Seminário de Investimentos, Governança e Aspectos Jurídicos de Previdência Complementar, no Centro de Convenções do Hotel Prodigy Santos Dumont, no centro do Rio de Janeiro.
De acordo com o ministro, o país não pode perder a oportunidade de conciliar a questão da sustentabilidade com o desenvolvimento econômico e conquistas sociais. "Não podemos deixar de enxergar a nossa realidade. Temos um país desigual com grandes diferenças sociais. Um país com fosso econômico brutal, o que não é bom para nenhum de nós", avaliou.
Na visão do ministro, há abundância de capital querendo vir para o Brasil e há um terreno muito fértil para isso. "O Brasil agora tem uma grande oportunidade, porque tem o líder certo, no lugar certo. O presidente Lula focou na política internacional nesses primeiros meses e, na minha opinião de cidadão, não como ministro de Estado, de forma extremamente assertiva. O Brasil caminhava a passos largos para o isolamento internacional e sabemos que em um mundo globalizado isso é insustentável", afirmou.
"Nós precisamos dialogar com o mundo e nós queremos dialogar em pé, de forma altiva, olhando nos olhos dos países industrializados, que por uma série de questões não têm a mesma condição de contribuir com a salvaguarda do planeta como temos e [de] liderar o sul global que possa precipitar a transição energética."
Para o ministro, a aceleração da transição energética pode ser feita por meio da monetização dos produtos verdes e sustentáveis. "Aí é que o Brasil sai na frente. É completamente diferente abastecer um carro elétrico no Brasil com a matriz energética de 88% de energia limpa e renovável e abastecer na Alemanha", comparou.
No seminário, Silveira alertou que o país já deveria ter reforçado o sistema de transmissão nacional e está deixando de produzir mais quantidade de energias limpas e renováveis no Nordeste, mas também industrializando aquela região com destaque para o hidrogênio verde, por falta de robustez da linha de transmissão. Esse problema, segundo afirmou, deve ser amenizado pelos novos leilões de linhas de transmissão já previstos.
Outra garantia dada pelo ministro é o respeito rigoroso da questão e legislação ambiental, o que, conforme considerou, não impede a atividade econômica. "Esse é o bom senso. Essa é a política que constrói. Os extremos, sempre destaco isso, não constroem resultados efetivos para a sociedade. Nós não podemos nem ter tabus ao discutir as questões ambientais, ou seja, eu não posso, porque não gosto ou porque quero fazer um discurso às vezes politicamente correto e dizer que posso abrir mão das riquezas e da necessidade ainda da fonte de petróleo e gás tão importante", defendeu.
De acordo com o ministro, é preciso também haver diálogo e busca de convergência para discutir os problemas reais da sociedade. "Nem abrir a porteira para passar a boiada e nem ter nenhum tabu ou opiniões pessoais que impeçam o Brasil de se desenvolver. A virtude está no meio, e a virtude é construir um país desenvolvido que faça inclusão social. O único caminho de fazer essa inclusão de forma consistente é através da geração de emprego e renda com oportunidades."
Silveira disse que o Brasil tem o melhor sistema integrado de energia do mundo, que é o Sistema Integrado Nacional (SIN). Em um país com dimensões continentais, apenas o estado de Roraima não está incluído, mas, mesmo assim, conforme afirmou, será por pouco tempo, porque, depois de 11 anos de licenciamento, o governo deu ordem de serviço e as obras estão em andamento, com a expectativa de inauguração em no máximo um ano e meio da linha de transmissão de Manaus a Boa Vista, interligando todo o Brasil.
O ministro acrescentou que tanto na energia elétrica, como no gás, por uma questão pragmática, o Brasil quer uma interligação na América do Sul. "Nós em momentos de dificuldade hídrica, dificuldade energética, nós podemos ser socorridos pelos nossos coirmãos da América do Sul", indicou.