O foguete mais poderoso já construído em toda a história, com seus 121 metros e 39 motores (33 no primeiro estágio e 6 no segundo) fez sua decolagem pela manhã, dentro de uma janela de duas horas estabelecida pela empresa em concerto com as autoridades locais.
Seguindo a filosofia de design ditada por Elon Musk, a SpaceX privilegia testes em voo, mesmo usando protótipos pouco refinados e sem garantias de sucesso. Os resultados obtidos com essas experiências são usados para guiar modificações nos veículos a cada nova tentativa.
Na primeira tentativa de voo em escala orbital, ocorrida em 20 de abril, voaram o Booster 7 (primeiro estágio) e o Ship 24 (segundo estágio). A numeração denota quantos protótipos de cada um foram desenvolvidos (e por vezes construídos) antes dos que voaram. As versões anteriores de ambos serviram para aprimorar o design, a fabricação e testar em solo alguns dos sistemas, além de conduzir voos de alta altitude do segundo estágio, com subsequente pouso.
Para este segundo voo, tivemos o Booster 9 e o Ship 25, que, segundo Musk, incluem mais de mil modificações com relação aos usados na decolagem anterior, em abril.
Naquela ocasião, a SpaceX tratava como sucesso se o lançador deixasse a plataforma sem destruí-la -o que de fato aconteceu. Mas o voo passou longe de atingir a órbita terrestre, terminando de forma intempestiva cerca de quatro minutos após o lançamento, com falha de vários dos motores do primeiro estágio. Agora, com os aprimoramentos, Musk estimou em 60% a chance de orbitar a Terra.
Algumas das mudanças foram implementadas para atender as demandas da FAA (agência que regula aviação civil e voos comerciais de foguetes nos EUA), outras são aprimoramentos naturais nos sistemas que já eram previstos antes mesmo do primeiro voo.
Entre as maiores novidades estão um novo sistema de separação dos estágios "a quente" (em que os motores do estágio superior são acionados antes da separação), técnica pouco usada em veículos americanos, mas mais comum em foguetes russos, e um novo sistema eletrônico de controle de direção das tubeiras do primeiro estágio, a fim de controlar melhor a trajetória do foguete. O sistema de autodestruição também foi atualizado, já que o dispositivo anterior falhou no primeiro voo.
Nos sistemas de solo, também houve grandes atualizações, a mais notável delas a instalação de um sistema de dilúvio de água, para resfriar a plataforma durante o processo de decolagem. Desta vez, houve muito menos detritos resultantes do disparo dos motores.
A demonstração começa a abrir caminho para a espaçonave que a Nasa usará para levar astronautas à superfície da Lua na segunda metade desta década. Os dados de telemetria ainda serão analisados nos próximos dias para saber exatamente o que deu certo e o que deu errado nesse segundo voo. E a partir de agora o ritmo de voos deve se acelerar.
A SpaceX teve de frear a cadência de desenvolvimento nos últimos meses à espera de uma autorização da FAA para retornar aos lançamentos, mas com a aprovação da agência concedida na última quarta-feira (15), a empresa deve voltar a acelerar os testes.
Trata-se de uma necessidade, já que muitas tecnologias ainda precisarão ser demonstradas antes que o Starship esteja pronto para levar astronautas à Lua. No voo desta sexta, o objetivo era meramente atingir o espaço, mas será preciso demonstrar em futuros testes a capacidade de recuperar os dois estágios do veículo, bem como de realizar reabastecimento em órbita. Espera-se que mais de cem lançamentos do Starship sejam feitos antes que alguém possa embarcar nele para um voo espacial.
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