Estudo acompanhou o desenvolvimento de 2.500 pequenos da gestação até 8 anos e altura dos filhos das consumidoras de café é semelhante a de fumantes
O café é objeto de estudo frequente de pesquisadores espalhados pelo mundo. A presença da estimulante cafeína na composição de uma das bebidas favoritas do brasileiro é o principal motivo para tanta pesquisa.
O consumo durante a gravidez também é investigado com frequência. Nesta semana, um ensaio do Instituto Nacional de Saúde Infantil e Desenvolvimento Humano de Maryland, nos Estados Unidos, publicado na revista Jama Network, sugere que mães com hábito de beber 50 ml de café diariamente geram crianças até 2,3 cm menor.
De acordo com recomendação da OMS (Organização Mundial de Saúde), as gestantes não podem tomar no máximo 300 ml da bebida. No entanto, essa pesquisa indica que essa quantidade está alta.
Em março de 2021, o NIH (Instituto Nacional de Saúde dos EUA – sigla em inglês) publicou uma pesquisa que associava a cafeína à contração dos vasos sanguíneos no útero e na placenta. Com isso, o consumo da bebida pode reduzir o suprimento de sangue para o bebê e retardar o crescimento dele.
Desta vez, os pesquisadores estudaram os efeitos no crescimento das crianças. Para isso, foram acompanhados 2.500 meninos e meninas, nascidos entre 2008 a 2013, até completarem 8 anos.
A análise da quantidade de cafeína materna foi feita por meio de amostras de sangue coletadas durante o primeiro e o terceiro trimestres da gravidez. Os voluntários foram divididos em quatro grupos com base na quantidade de cafeína que a mãe consumiu durante a gravidez.
Depois de acompanhar as crianças por mais de oito anos, os pesquisadores descobriram uma associação entre o consumo de cafeína e a altura.
Sendo que a diferença ficou aparente a partir do 20º mês de vida da criança e aumentou gradativamente com o passar dos anos.
Aos sete anos, a diferença de altura entre aqueles que consumiam menos cafeína e os que mais bebiam era tão grande que era de 1,5 cm em média. Aos oito anos, havia uma diferença de 2,3 cm.
No artigo, os autores comparam os dados da pesquisa, com filhos de mulheres que fumaram durante a gestação. “Embora as implicações clínicas de uma diferença de altura de aproximadamente 2 cm não sejam claras, nossos achados de altura são semelhantes em magnitude aos de crianças cujas mães fumaram durante a gravidez.”
Os pesquisadores não encontraram nenhuma evidência da cafeína com a obesidade infantil, mas ressaltaram que “a baixa estatura tem sido associada ao aumento do risco de múltiplas doenças cardiometabólicas em gestantes e não gestante. Embora não associada à obesidade na infância, a baixa estatura tem sido associada à obesidade e aumento do risco de diabetes em adultos.”
Os médicos não conseguiram determinar quais os mecanismos que causa a associação do café com a redução de altura. No entanto, observaram que a cafeína é um estimulante neural não metabolizado pelo feto que se acumula em seu tecido.
O café é a bebida mais popular do mundo e os cientistas consideraram “que aproximadamente oito em cada 10 mulheres grávidas dos consomem cafeína, é importante determinar se a exposição à cafeína no útero tem implicações de longo prazo no crescimento da prole.”
A sugestão dos pesquisadores é que as mães deixem de tomar café na gravidez. Além disso, eles acreditam que o acompanhamento dos voluntários até a puberdade e começo da vida adulta pode ser significativo para concluir os efeitos da cafeína na gestação.
Fonte: R7