O Hamas indicou neste sábado, 23, que mais de 200 palestinos morreram nas últimas 24 horas devido aos incessantes bombardeios e à operação terrestre de Israel na sitiada Faixa de Gaza, que aguarda a chegada de mais ajuda humanitária após uma resolução do Conselho de Segurança da ONU. O governo do Hamas, no poder em Gaza desde 2007, acusou o Exército israelense de ter matado dezenas de palestinos esta semana em uma operação terrestre em Jabali, alguns “executados”. Israel prometeu aniquilar o Hamas após seu ataque sem precedentes em 7 de outubro, no qual cerca de 1.140 pessoas, a maioria civis, morreram. Os combatentes também sequestraram cerca de 250 pessoas, das quais 129 ainda estão em cativeiro em Gaza, de acordo com Israel. A resposta militar israelense, por ar e terra, resultou em 20.258 mortes, principalmente mulheres e crianças, e mais de 53.000 feridos, segundo o Hamas, incluindo 201 pessoas mortas nas últimas 24 horas em vários locais do estreito território palestino. Neste sábado, o Exército israelense anunciou a morte de cinco soldados desde sexta-feira, elevando para 144 seus militares mortos em Gaza desde o início de suas operações terrestres em 27 de outubro.
O ministério da Saúde do Hamas relatou um bombardeio israelense no campo de refugiados de Nuseirat e afirmou que o ataque deixou pelo menos 18 mortos. Em Khan Yunis, a grande cidade do sul de Gaza, cadáveres e feridos eram levados ao hospital Nasser. Vários homens acompanhavam uma mulher que chorava ao ver os corpos de seus familiares. Outro, agachado e chorando, colocava a mão sobre um saco preto para corpos. O porta-voz do Ministério da Saúde do Hamas, Ashraf al Qidreh, acusou neste sábado as forças israelenses de terem cometido “vários massacres atrozes que resultaram na morte de dezenas de mártires no campo de Jabalia". "Também executaram dezenas de cidadãos nas ruas", acrescentou. O Exército israelense não se referiu especificamente a essas acusações, mas disse que realiza operações “contra alvos militares, de acordo com as disposições do direito internacional”. O corpo armado divulgou neste sábado imagens de seus soldados avançando entre ruínas e abrindo fogo no sul da cidade de Gaza, afirmando que “terroristas armados” foram “eliminados” e que “várias infraestruturas terroristas” foram “destruídas”.
Após cinco dias de intensas negociações para evitar o veto dos Estados Unidos, o Conselho de Segurança adotou na sexta-feira um texto que exige o envio “imediato” e “em grande escala” de ajuda humanitária ao território palestino. O documento evita convocar um “cessar-fogo”, condição inaceitável para Israel e os Estados Unidos, seu grande aliado, mas pede para “criar as condições para um cessar duradouro das hostilidades”. No entanto, sua implementação levanta muitas dúvidas: a ajuda humanitária chega a conta-gotas e distante das necessidades da população, à beira da fome, segundo a ONU. O secretário-geral da ONU, António Guterres, criticou os “obstáculos maciços” para distribuir ajuda devido à “forma como Israel está conduzindo esta ofensiva”. No âmbito diplomático, os esforços do Egito e do Catar continuam para obter uma nova trégua, após o cessar-fogo de uma semana no final de novembro que permitiu a libertação de 105 reféns e 240 palestinos detidos em Israel. Mas os dois lados se mantêm firmes em suas exigências.
O Hamas, classificado como organização terrorista pelos Estados Unidos, União Europeia e Israel, pede o fim dos combates antes de qualquer negociação sobre os reféns, e Israel exclui um cessar-fogo antes da “eliminação” do movimento islamista palestino. O porta-voz do braço militar do Hamas, Abu Obaida, declarou em comunicado que o grupo acredita que cinco reféns “morreram em um dos ataques sionistas”, depois de perder contato com os combatentes que os mantinham. As autoridades israelenses não confirmaram essas declarações.
*Com informações da AFP