Segundo o delegado adjunto da Delegacia Especializada de Proteção à Criança e ao Adolescente (DEPCA), Pablo Gabriel Farias da Silva, a mulher foi indiciada por denuncia caluniosa. Hospital Universitário Maria Aparecida Pedrossian (Humap) em Campo Grande
Reprodução/TV Morena
Uma jovem, de 21 anos, foi indiciada por denúncia caluniosa após acusar médico e amiga por 'roubarem' recém-nascido, em Mato Grosso do Sul. Segundo a polícia, a mulher nunca esteve grávida, mesmo assim teria feito um boletim de ocorrência acusando os dois de terem sequestrado seu bebê.
O g1 conversou com o delegado adjunto da Delegacia Especializada de Proteção à Criança e ao Adolescente (DEPCA), Pablo Gabriel Farias da Silva, que relatou os detalhes que a jovem teria contado à polícia sobre o crime.
Segundo o delegado, no boletim de ocorrência registrado no dia 17 de dezembro, a mulher relatou que passou mal, foi para uma unidade de atendimento e disse ter entrado em trabalho de parto. Ainda conforme o depoimento, ela foi removida de ambulância para o Hospital Universitário (HU) de Campo Grande e lá o bebê teria nascido morto.
"Ela disse que chegou a tirar foto com o bebê, aquela foto do parto, mas depois recebeu a informação da morte e disse que ofereceram pra ela enterrar ou cremar e ela quis cremar", contou o delegado.
Ainda conforme contado por Pablo, na confecção do boletim de ocorrência ela chegou a apresentar um cartão para falar que havia tido acompanhamento gestacional pelo Sistema Único de Saúde (SUS) e também a certidão de óbito com o nome da criança.
"Depois ela suspeitou que teriam sequestrado o filho dela. Só que ai a história contada começa a complicar. Segundo a mulher, ela encontrou uma cliente na primeira unidade de saúde e que essa mulher acompanhou ela. Disse que essa cliente dela teria prestado um auxilio e por fim ela acabou acusando o médico que teria feito o parto e essa amiga de terem sequestrado o bebê. Nós ouvimos essa mulher, que contou realmente ser cliente da jovem e que viu que ela estava no chá de bebê e teria dado os parabéns, mas somente tido conversas triviais, meses antes", explicou o delegado ao g1.
Durante as investigações, as autoridades entraram em contato com o HU, onde foi relatado que a mulher havia apenas feito alguns acompanhamentos médicos no hospital, meses antes desse suposto parto.
"A representante do HU disse que no dia 15 a mulher não deu entrada na unidade de saúde, nem teria sido removida de ambulância e nem deu entrada no hospital. Conforme o hospital, ela já havia sido atendido outras vezes e feito alguns exames, entre eles o de HCG (gravidez) em outubro, que mostrava que ela não estava grávida".
A investigação comprovou que a mulher nunca esteve grávida em 2023 e também que o médico acusado não efetuou o parto, já que, segundo o hospital, a especialidade dele não permite que ele realize essa função.
Em nota, o hospital declarou que a paciente esteve no hospital somente para alguns atendimentos para infertilidade. Confira a noite na íntegra:
"O Humap-UFMS informa que a paciente no caso relatado esteve no hospital somente para alguns atendimentos para infertilidade e que nunca foi atendida no local em caso de parto. A situação foi toda registrada numa delegacia em boletim de ocorrência".
O delegado finalizou dizendo ao g1 que no dia 22 a mulher foi intimada para comparecer na delegacia e, mesmo com as evidências da falsa gravidez, manteve a história apesar dos exames comprovarem o oposto. A jovem deve responder por denuncia caluniosa, podendo pegar até 8 anos de prisão.
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