"Na Nike, acreditamos que não existe espaço para discurso de ódio e condenamos qualquer forma de antissemitismo. Por este motivo, tomamos a decisão de suspender nosso relacionamento com Kyrie Irving com efeito imediato e não lançaremos mais a linha de tênis Kyrie 8. Estamos profundamente tristes e desapontados pela situação e seu impacto para todos", informou a Nike em comunicado oficial.
O CASO
A polêmica começou quando Irving publicou em sua página do Twitter um link para o filme "Hebrews to Negroes: Wake Up Black America", baseado em livro com o mesmo título, do autor Ronald Dalton. A produção aponta judeus como responsáveis por uma conspiração para oprimir negros e defende que eles falsificaram a história do Holocausto para "esconder a própria natureza e proteger o status e o poder".
Assim que a publicação foi feita, o armador recebeu muitas críticas, e o Brooklyn Nets se posicionou publicamente contra o conteúdo do filme. Irving defendeu a postagem e chegou a dizer que não iria desistir e que "a história não pode ser escondida de ninguém". Em seguida, aceitou doar US$ 500 mil (cerca de 2,5 milhões) para fundações dedicadas ao combate à intolerância e se comprometeu a trabalhar com a Liga Antidiscriminação, ONG que luta contra o antissemitismo e outros tipos de preconceitos.
Também fez um primeiro pedido de desculpas, no qual disse "estar ciente do impacto negativo do post para a comunidade judaica" e "não querer prejudicar nenhum grupo, raça ou religião de pessoas". A manifestação e postura do atleta foram consideradas rasas por Adam Silver, comissário da NBA, que se disse desapontado pelo fato de Irving "não ter oferecido um pedido de desculpas incondicional e não ter denunciado o vil e prejudicial conteúdo do filme".
Pouco tempo depois da declaração de Silver, o Brooklyn Nets anunciou, na quinta-feira, a suspensão do armador por considerar que ele "não rejeitou o antissemitismo quando teve a oportunidade". Então, Irving fez a nova publicação, em tom mais crítico ao conteúdo discriminatório do filme.
Na sexta-feira, Kyrie Irving publicou um novo texto de desculpas. Desta vez, foi mais enfático ao condenar as teorias expostas no filme, pediu perdão pela "dor causada" à comunidade judaica e disse que sua reação inicial foi "emocional". Irving também disse que faz questão de se posicionar contra o antissemitismo, por isso se exaltou ao ser "rotulado injustamente" como antissemita em vez de demonstrar empatia pelos judeus ofendidos. Também afirmou ter se arrependido de ter feito a publicação sem contextualizar e explicar "quais crenças específicas do documentário acreditava ou não".