Nesta segunda-feira (29), a PolĂcia Federal realiza operação ainda no âmbito da investigação sobre espionagem ilegal feita na Abin (AgĂȘncia Brasileira de InteligĂȘncia). O vereador Carlos Bolsonaro (Republicanos), filho do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL).
Conforme o portal UOL, Carlos Bolsonaro Ă© alvo da operação nesta segunda-feira. A PolĂcia Federal cumpre mandados de busca e apreensão contra pessoas que teriam recebido informações da "Abin paralela".
Segundo as investigações, a Abin teria sido usada durante o governo de Jair Bolsonaro para monitorar adversĂĄrios polĂticos. A PF cumpriu mandado de busca e apreensão na casa do vereador Carlos Bolsonaro, na Barra da Tijuca, no Rio de Janeiro, mesmo condomĂnio onde Jair Bolsonaro tambĂ©m tem casa.
O vereador Carlos Bolsonaro não estĂĄ no Rio de Janeiro. Conforme o UOL, ele estĂĄ em Angra dos Reis (RJ), onde participou de uma live com o pai e os irmãos FlĂĄvio e Eduardo no domingo (29).
Ainda hĂĄ informação de que assessores do vereador tambĂ©m são alvos da operação.
Investigação da PF que resultou na operação denominada "Vigilância Aproximada", na manhã da Ășltima quinta-feira (25) apontou que os supostos espionados seriam figuras pĂșblicas, como os ministros do Supremo Tribunal Federal, Alexandre de Moraes e Gilmar Mendes, o ex-presidente da Câmara dos Deputados Rodrigo Maia e o ministro da Educação, Camilo Santana - na Ă©poca governador do CearĂĄ.
Na operação, que Ă© uma continuação das investigações da Operação Ăltima Milha, deflagrada em outubro do ano passado, a PF cumpriu 21 mandados contra suspeitos de participar de espionagem ilegais na AgĂȘncia Brasileira de InteligĂȘncia (Abin) e investiga o que chamou de "organização criminosa", acusada de se instalar na AgĂȘncia e usar a estrutura estatal para investigar adversĂĄrios polĂticos sem autorização judicial.
Procurada, a Abin não se manifestou.
Segundo os investigadores da PF durante a primeira operação, em outubro de 2023, a Abin fez 33 mil monitoramentos ilegais durante o governo Bolsonaro. Do total, 1,8 mil foram destinados à espionagem de polĂticos, jornalistas, advogados, ministros do STF e adversĂĄrios da gestão do ex-presidente.
Segundo as investigações da PF, havia tentativa de relacionar os ministros Gilmar Mendes e Alexandre de Moraes a uma facção criminosa com o intuito de difundir notĂcias falsas.
No caso de Camilo Santana, policiais flagraram integrantes da Abin operando drones que sobrevoavam a residĂȘncia oficial do atual ministro em Fortaleza.
A agĂȘncia chegou a instaurar um processo administrativo contra dois servidores, mas o caso foi arquivado.
A investigação tambĂ©m indica que o ex-presidente da Câmara Rodrigo Maia estaria entre as autoridades espionadas ilegalmente. As informações são do jornal O Globo.
Principal alvo das investigações, o ex-chefe do órgão e hoje deputado federal Alexandre Ramagem (PL-RJ) esteve à frente do Abin entre julho de 2019 e abril de 2022, durante o governo de Jair Bolsonaro (PL). No perĂodo, dois servidores teriam utilizado a estrutura estatal para localizar os alvos da espionagem e foram presos em outubro de 2023. O deputado Ă© prĂ©-candidato do PL à Prefeitura do Rio e teve o apoio de Bolsonaro confirmado em novembro.
HĂĄ buscas contra Ramagem no gabinete na Câmara e no apartamento funcional em BrasĂlia. Procurados pelo Estadão, o deputado e a Abin não se pronunciaram atĂ© a publicação deste texto. O espaço seguirĂĄ aberto para manifestações.
A ordem para deflagrar a operação foi expedida pelo ministro do STF Alexandre de Moraes. Segundo a investigação, o crime envolvia o uso de ferramentas de geolocalização em dispositivos móveis (celulares e tablets, por exemplo) sem autorização judicial e sem o conhecimento do próprio monitorado.
As investigações apontam para o uso do sistema FirstMile, desenvolvido pela empresa israelense Cognyte (ex-Verint). O software Ă© capaz de detectar um indivĂduo com base na localização de aparelhos que usam as redes 2G, 3G e 4G.
Para encontrar o alvo, basta digitar o nĂșmero do seu contato telefônico no programa e acompanhar em um mapa a Ășltima posição.