Manifestação chegou a ocupar nove quarteirões da avenida Paulista em São Paulo
O ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) discursou durante o ato na avenida Paulista convocado em sua defesa neste domingo (25). Segundo ele, a suspeita da Polícia Federal de que houve uma tentativa de golpe de Estado por parte de seu grupo político é infundada.
“Agora querem entubar a todos nós que um golpe, usando dispositivo da Constituição, cuja palavra final quem dá é o parlamento brasileiro, estava em gestação. Creio que está explicada essa questão. Teria muito a falar. Tem gente que sabe o que eu falaria. Mas o que eu busco é a pacificação, passando uma borracha no passado,” disse o ex-presidente.
“Nós já anistiamos, no passado, quem fez barbaridade. Agora, nós pedimos a todos um projeto de anistia no nosso pais. E quem depredou o patrimônio que pague, mas essas penas fogem ao mínimo da razoabilidade. Pobres coitados que estavam no dia 8 de janeiro,” acrescentou.
O ex-presidente também comentou a adesão de manifestantes no ato: “Vocês nos trazem esperança, energia, garra, certeza que temos como vencer. Nós não queremos um socialismo para o Brasil e não podemos admitir um comunismo em nosso meio. Não queremos ideologia de gênero e queremos respeito à propriedade privada. Queremos direito à defesa da própria vida, respeito à vida desde a concepção, não queremos a liberação das drogas,” disse.
De acordo com os organizadores, cerca de 700 mil pessoas compareceram à manifestação. Aliados do ex-presidente também estavam presentes. Além do governador de São Paulo, Tarcísio de Freitas (Republicanos), compareceram o governador de Goiás, Ronaldo Caiado (União), o governador de Minas Gerais, Romeu Zema (Novo), governador de Santa Catarina, Jorginho Mello (PL) e a vice-govenadora do Distrito Federal, Celina Leão (Progressistas).
O governador de São Paulo, Tarcísio de Freitas (Republicanos), disse que a manifestação serve para celebrar o verde e amarelo e o amor ao país, ao Estado Democrático de Direito e para entender os desafios que, de acordo com o governador, existem atualmente.
“O desafio da representatividade que será vencido com liberdade de expressão, pensamento e manifestação sem censura. O desafio da segurança jurídica para que tenhamos previsibilidade, para trazer investimentos. O desafio da justiça social”, disse.
Tarcísio classificou o ato como “festa bonita”. “Eu tenho certeza que vocês estavam saudade de vestir o verde e amarelo. Eu tenho certeza que vocês estavam com saudade do nosso presidente Jair Bolsonaro”.
Alguns aliados não puderam comparecer em decorrência de medida expedida por Alexandre de Moraes, que proíbe o contato entre investigados com o político, como o presidente do PL, Valdemar Costa Neto, os generais Heleno e Braga Netto entre outros.
Bolsonaro ficou calado em durante o depoimento à Polícia Federal na última quinta-feira (22) em Brasília. O ex-presidente se recusou a falar sobre a suposta tentativa de golpe de Estado após as eleições presidenciais de 2022. A defesa dele pede acesso total à investigação e à delação de Mauro Cid, ex-ajudante de ordens de Bolsonaro. O Jornal da Record confirmou que o general Braga Netto, ex-candidato a vice-presidente na chapa de Bolsonaro, também ficou em silêncio.
Os ex-ministros Anderson Torres (Justiça e Segurança Pública), Augusto Heleno (Gabinete de Segurança Institucional) e Walter Braga Netto (Defesa) e o presidente do PL, Valdemar Costa Neto, também prestaram depoimento. As oitivas aconteceram de maneira simultânea, técnica utilizada para dificultar a troca de informações entre os investigados.
No início do mês, o ex-chefe do Executivo e aliados foram alvo de uma operação da corporação, que cumpriu mandados de busca e apreensão em dez estados. Na época, a PF cumpriu 33 mandados de busca e apreensão e quatro de prisão preventiva em nove estados e no Distrito Federal no dia 8 de fevereiro.
Essa é a sétima vez que o ex-presidente foi intimado para prestar depoimentos na PF desde que deixou a Presidência. A defesa tentou adiar a ida à PF, mas o ministro do STF (Supremo Tribunal Federal) Alexandre de Moraes negou os pedidos em três ocasiões.
Fonte: R7