Presidente vai participar de cúpulas envolvendo países latino-americanos e caribenhos, na Guiana e em São Vicente e Granadinas
A participação do presidente Luiz Inácio Lula da Silva nas cúpulas de chefes de governo da Comunidade do Caribe (Caricom), na Guiana, e da Comunidade dos Estados Latino-Americanos e Caribenhos (Celac), em São Vicente e Granadinas, pode dar ao petista a chance de ser mediador da crise entre a Venezuela e a Guiana, segundo apontam especialistas. Os dois países, que disputam o território de Essequibo, fazem parte dos grupos.
Lula desembarca em Georgetown, capital da Guiana, nesta quarta-feira (28). No mesmo dia, discursa no encerramento da cúpula dos chefes de governo da Caricom. Depois, nesta quinta (29), segue para Kingstown, capital de São Vicente e Granadinas.
Às margens dos fóruns, o petista vai se reunir com diversas autoridades, dentre elas, chefes de Estado. A agenda faz parte da retomada do papel brasileiro no cenário internacional e a volta da valorização das relações com os países da região.
A professora de relações internacionais e doutora em ciência política pela Universidade de São Paulo (USP) Denilde Holzhacker avalia os fóruns da Caricom e da Celac como importantes espaços que visam o fortalecimento da cooperação e integração regional.
“Vão ser discutidos temas como políticas financeira e econômicas, investimentos, mudança climática, relações com demais países, mas também deve entrar em debate a crise entre Guiana e Venezuela, que participam dos fóruns”, disse.
“Os presidentes dos países membros vão estar presentes, o que dá um peso de decisão maior, que pode levar para novas agendas e medidas. A crise entre Guiana e Venezuela também vai ser pautada, em um momento que Lula vai ter a oportunidade de realmente se colocar como mediador do conflito, se utilizando de sua relação com os respectivos presidentes, como Maduro”, complementa.
Para a professora, um ponto frágil na discussão é o quanto o governo brasileiro, por meio de Lula, tem cedido ou permitido ações belicosas de Maduro.
“O relacionamento entre os dois presidentes fragiliza de certa forma a possibilidade de alcançar uma situação da pacificação ou pelo menos da diminuição da tensão. Há ainda a Colômbia, em que Gustavo Petro é um ator importante para construir o consenso e tem capacidade de atuação com o venezuelano.”
O economista e advogado Alessandro Azzoni argumenta da importância das cúpulas. “Em 2022, obtiveram um aumento de 52% de investimento direto estrangeiro em relação ao ano anterior, ou seja, América Latina e Caribe receberam US$ 224,579 bilhões, considerado como o valor máximo já recebido, segundo relatado pela Comissão Econômica para a América Latina e o Caribe”, explica.
“Em seu primeiro e segundo mandato como presidente, Lula teve protagonismo relevante para as relações internacionais. Nesta terceira gestão, tem tentado solidificar sua posição como líder político proeminente na América Latina, podendo contribuir para fortalecer os laços de solidariedade e cooperação entre os países da região”, afirma Azzoni.
“Sua presença [do presidente Lula] pode ter efeito na busca por solução conjunta para desafios comuns, como o do conflito entre Guiana e Venezuela”, finaliza.
Fonte: R7