PMNAS

Bolsonaro convocou reuniões com chefes das Forças Armadas para anular eleição, diz Freire Gomes

Ex-comandante do ExĂ©rcito prestou depoimento à PF

Por Midia NAS em 15/03/2024 às 18:44:55

O general Marco Antônio Freire Gomes, ex-comandante do ExĂ©rcito, colocou o ex-presidente Jair Bolsonaro no centro de articulações golpistas para anular o resultado das eleições de 2022.

Em depoimento prestado à PolĂ­cia Federal (PF) no dia 1Âș de março, no inquĂ©rito do golpe, o general afirmou que Bolsonaro convocou reuniões no PalĂĄcio do Alvorada, após o segundo turno, e "apresentou hipóteses de utilização de institutos jurĂ­dicos como GLO (Garantia da Lei e da Ordem), estado de defesa e sĂ­tio em relação ao processo eleitoral".

A minuta golpista apreendida pela PolĂ­cia Federal teria sido apresentada em um encontro na residĂȘncia oficial no dia 7 de dezembro de 2022, segundo o ex-comandante do ExĂ©rcito. "Bolsonaro informou que o documento estava em estudo e depois reportaria a evolução aos comandantes", diz um trecho do termo de depoimento. A defesa do ex-presidente foi procurada, mas não havia se manifestado atĂ© a publicação desta matĂ©ria.

Freire Gomes contou que o convite para comparecer ao PalĂĄcio do Alvorada foi enviado pelo então presidente por meio do então ministro da Defesa, Paulo SĂ©rgio Nogueira, mas que o tema da reunião não foi informado previamente. O encontro, segundo o depoimento, aconteceu na biblioteca da residĂȘncia oficial.

Foi o assessor para assuntos internacionais da PresidĂȘncia, Filipe Martins, preso na Operação Tempus Veritatis, quem "leu os considerandos e fundamentos jurĂ­dicos da minuta", narrou Freire Gomes.

O general tambĂ©m contou que uma versão diferente do documento foi apresentada em outra reunião, desta vez com os chefes das Forças Armadas e o ministro da Defesa. O rascunho, segundo Freire Gomes, previa a decretação do estado de defesa e a criação de uma comissão de regularidade eleitoral para apurar a "conformidade e legalidade" das eleições. Os dois pontos estavam presentes na minuta apreendida na casa do ex-ministro da Justiça Anderson Torres, que negou saber a autoria do documento.

Freire Gomes alegou à PF que "sempre deixou evidenciado ao então presidente que o ExĂ©rcito não participaria da implementação desses institutos visando reverter o processo eleitoral" e que Bolsonaro "não teria suporte jurĂ­dico" para anular o resultado da eleição. O chefe da Marinha, almirante Almir Garnier, teria se colocado à disposição do ex-presidente, de acordo com o general.

A PolĂ­cia Federal tambĂ©m questionou o ex-chefe do ExĂ©rcito sobre a carta escrita por oficiais da ativa quando bolsonaristas radicais acampavam próximo a instalações das Forças Armadas. O texto pedia medidas para "manutenção da Garantia da Lei e da Ordem e da preservação dos poderes constitucionais".

Freire Gomes disse que considerou a iniciativa uma tentativa de fazer pressão para que os comandantes aderissem ao plano golpista. "Após verificarem que comandantes não iriam aceitar qualquer ato contra democracia, começaram a realizar ataque pessoais", afirmou.

Mensagens apreendidas pela PF mostram que o general Walter Braga Netto, ex-ministro da Casa Civil, liderou uma campanha velada, mas agressiva, de pressão a oficiais das Forças Armadas que rejeitaram aderir ao plano golpista. Em um dos diĂĄlogos, em dezembro de 2022, Braga Netto afirma que a "culpa pelo que estĂĄ acontecendo e acontecerĂĄ Ă© do general Freire Gomes". "Omissão e indecisão não cabem a um combatente", acrescenta o ministro. "Oferece a cabeça dele. Cagão."

Comunicar erro
Camara Municipal de NAS

ComentĂĄrios

Publicidade 728x90 2 Camara Vol 2