O tenente-coronel Mauro Cid, ex-ajudante de ordens de Jair Bolsonaro, confirmou nessa sexta-feira (22) que quer manter a delação premiada e disse que não foi coagido pela Polícia Federal para depor. Ele prestou depoimento ao STF (Supremo Tribunal Federal) sobre um áudio no qual fez ataques à PF e ao ministro Alexandre de Moraes. Ao fim da audiência, Cid foi preso preventivamente por descumprir medidas cautelares e obstrução à Justiça.
Na gravação, Cid afirma que a PF o pressionou a relatar fatos que não aconteceram e a detalhar eventos sobre os quais não tinha conhecimento. Ele também critica a atuação de Moraes, dizendo que o ministro faz o que bem entender.
O senhor participou de audiência nesta Corte, no dia 06/09/23, sob a condução do então juiz Auxiliar Marco Vargas. O senhor se recorda da audiência?
Sim, se recorda da audiência e das circunstâncias onde ela foi realizada e dos participantes.
O senhor foi acompanhado por seus defensores na audiência realizada m 06/09/23, aqui no STF?
Sim, estava acompanhado do Dr. Cezar e da Dra. Vania.
O senhor esteve sempre acompanhado por seus defensores nas oitivas realizadas pela autoridade policial?
Sempre esteve acompanhado por advogados, na maioria das vezes com mais de um advogado.
O senhor reafirma a voluntariedade da manifestação de vontade exteriorizada na audiência realizada no dia 06/09?
Sim, confirma e reafirma. A vontade continua sendo a mesma. De forma espontânea e voluntária. Ciente de que seria feita a colaboração. Afirma não ter havido pressão do judiciário ou da polícia. Conversou previamente com os advogados sobre a colaboração.
O senhor foi coagido em algum momento, por qualquer pessoa ou instituição, a firmar o acordo de colaboração?
A decisão foi própria, de livre e espontânea vontade.
O senhor tem ciência dos termos da colaboração, inclusive das cláusulas relacionadas às suas obrigações?
Sim, tenho ciência dos termos e concordei com todas elas.
O senhor tem ciência dos áudios divulgados na data de ontem, 21/03/2024?
Teve ciência através da revista. A conversa era privada, informal, privada, particular, sem intuito de ser exposta em revista de grande circulação.
O senhor reconhece os áudios divulgados? O senhor proferiu as mensagens?
Resp: que ouviu todos os áudios. Reconhece as falas, foram proferidas por mim, em conversa privada.
Quem é o interlocutor das mensagens divulgadas na reportagem?
Poderia nominar as pessoas com as quais tem conversado regularmente?
Meu irmão Daniel Cid, meu cunhado, minha prima, meu amigo Rafael Maciel, os coronéis Sobral, Lessa que são mais próximos, eram da minha turma, e o sargento Tiago. Não tenho contato com nenhum político, ninguém de núcleo/esfera política.
Quem são os "policiais" que queriam que o senhor falasse coisas que não sabia ou teriam acontecido?
Ninguém o teria forçado. Eles têm a tese investigativa e ele tem a versão dela. Muitas vezes as versões eram contrárias. Nunca houve induzimento às respostas. Nenhum membro da polícia federal o coagiu a falar algo que não teria acontecido.
Qual a suposta versão "verdadeira" e de qual fato o senhor se refere, quando afirma no áudio ter contado aos policiais e eles não teriam acreditado?
Eles tinham outra linha investigativa e a versão dos fatos era outra. Ele explicava como tinha ocorrido. Os policiais traziam os fatos na forma que estavam investigando.
O que o senhor quis dizer com "narrativa pronta"? Quem tinha essa narrativa pronta? Sobre qual fato?
Já tinham uma linha de investigação. O delegado disse que ouviu por último para fechar o quebra-cabeça. Entrou para corroborar. Refere-se ao depoimento do dia 11/3. Todos foram presos, ouvidos e por último ele foi ouvido. Ele foi fechar os buracos naquela investigação.
É um desabafo, quer chutar a porta e acaba falando besteira. Genérico, todo mundo, acaba dizendo coisas que não eram para serem ditas. Em razão da situação que está vivendo, foi um desabafo.
O senhor afirma que todos se deram bem, ficaram milionários. Quem são essas pessoas?
Estava falando do presidente Bolsonaro que ganhou Pix, aos generais que estão envolvidos na investigação e estão na reserva. E no caso próprio perdeu tudo. A carreira está desabando. Os amigos o tratam como um leproso, com medo de se prejudicar. Não é político, não é militar, quer ter a vida de volta. Está enclausurado. A imprensa sempre fica indo atrás. Está agoniado. Engordou mais de 10 quilos. O áudio é um desabafo. Acredita que as pessoas deviam o estar apoiando e dando sustentação.
A "cama está toda armada" Os "bagrinhos" estão pegando 17 anos Os mais altos vão pegar quanto? quem são esses mais altos? A quem o senhor se referia?
Reclamação genérica do que está acontecendo. Se assusta com as penas. Imagina qual a pena que os mais altos vão pegar. É um desabafo e preocupação com o futuro. Foi o único que teve a família exposta pela imprensa. Toda a família está sofrendo.
O senhor confirma integralmente o último depoimento que foi prestado à autoridade policial em 11/03/2024? O senhor estava acompanhado por seus defensores?
Confirma integralmente, não foi pressionado e respondeu a todas as perguntas. Estava acompanhado do Dr. Cezar e da Dra. Vania.
O senhor está mantendo contato, por qualquer meio, com outros investigados ou interlocutores desses investigados?
Não tem mantido nenhum contato com os investigados ou interlocutores.
O senhor deseja manter o acordo de colaboração ou pretende rompê-lo?
Deseja manter o acordo de colaboração premiada. Deseja manter nos exatos termos que foi celebrado.
Fonte: R7