O.J. Simpson morreu nesta quinta-feira, aos 76 anos, vítima de câncer. Personagem controverso do esporte e da mídia americana, o ex-running back foi protagonista de um polêmico julgamento nos anos 1990, após ser acusado de matar a facadas sua ex-mulher, Nicole Brown, e o amigo dela, Ron Goldman, em 12 de junho de 1994, cerca de 15 anos depois de encerrar a carreira como jogador de futebol americano.
O ex-atleta, que brilhou pelo Bufallo Bills entre as décadas de 1960 e 1970, foi absolvido ao fim de um processo extremamente midiático, que levantou debates sobre racismo, gênero, abuso doméstico e outras questões sociais. Quando as acusações de que ele teria cometido os homicídios vieram à tona, Simpson, então com 47 anos e se aventurando no cinema, desapareceu e deixou aos amigos uma carta em que manifestava o desejo de tirar a própria vida.
Depois disso, foi encontrado e perseguido pela polícia por quase 100 quilômetros, momento que foi transmitido ao vivo na televisão dos Estados Unidos. Acabou se entregando após horas trancado dentro do carro. A perseguição aconteceu no mesmo dia em que ocorriam a abertura da Copa do Mundo de futebol, nos EUA, e as finais da NBA.
Assim como as cenas na rodovia, o julgamento teve ampla cobertura da imprensa e foi acompanhado detalhe a detalhe. Pesava contra O.J. as acusações de violência doméstica feitas anteriormente por Nicole, de quem se separou em 1992.
Foi estabelecido um debate racial durante caso, frente ao fato de as duas vítimas serem brancas e o acusado negro. Somava-se a isso a fama de corporação racista e violenta atribuída à Polícia de Los Angeles. Pesquisas da época apontavam que a maioria dos negros dos EUA o considerava inocente e a maioria dos brancos acreditava na culpa do ex-jogador.
O tema do racismo foi amplamente utilizado pela defesa de O.J., frente a um júri formado por 10 mulheres e dois homens. Das pessoas escolhidas como juradas, nove eram negras, duas eram brancas e uma era hispânica.
Foram mais de 370 dias de julgamento, encerrado em outubro de 1995, com o veredito de que O.J. Simpson era inocente. No dia da decisão, a audiência foi maior do que a das transmissões do funeral do presidente John Kennnedy e da chegada do homem à lua.
"Não creio que a maior parte da América acredite que eu sou culpado. Recebi milhares de cartas e telegramas de pessoas que me apoiam", disse Simpson ao The New York Times em 1995, uma semana depois de ser inocentado.
Em 1997, o ex-running back perdeu uma ação civil de morte por negligência e um tribunal civil o forçou a pagar US$ 33,5 milhões. Posteriormente, passou nove anos na prisão depois de ser condenado por roubo e sequestro em outro caso, relacionado a uma disputa sobre memorabília esportiva, e foi solto em 2017. Desde então, estava morando em Las Vegas com a família.
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