As ações da corretora XP caíram drasticamente no pregão desta quarta-feira (22), com investidores reagindo ao balanço do primeiro trimestre. Os papéis listados na Nasdaq despencaram mais de 16%, enquanto os BDRs XPBR31, negociados na B3, registraram uma queda de 15,38%, fechando a R$ 92,87. A queda acentuada ocorreu apesar de a XP ter reportado um lucro líquido de R$ 1 bilhão no período, um aumento de 29% em relação aos R$ 796 milhões registrados no mesmo período do ano passado. Além disso, os ativos totais de clientes aumentaram 20%, atingindo R$ 1,1 trilhão, e a captação líquida totalizou R$ 15 bilhões, um pouco abaixo dos R$ 16 bilhões do primeiro trimestre de 2023.
Eduardo Rosman, analista do BTG Pactual, atribui parte da queda à teleconferência com o mercado, em que o management culpou o macroambiente e mostrou inabilidade para compensar isso com novos negócios. Rosman mencionou que a apresentação “passou uma sensação de impotência para gerar alpha além do macro”. Apesar da decepção, Rosman reiterou sua recomendação de compra para as ações, destacando que a queda foi exagerada e que o valuation atual representa uma oportunidade de entrada. Yuri Fernandes, do JP Morgan, compartilhou uma visão similar. Ele destacou que, embora os resultados tenham sido desanimadores, as tendências fracas já eram esperadas. Fernandes mencionou que com a queda, a XP está negociando a 10-11 vezes o lucro estimado para o próximo ano, considerando uma projeção revisada de R$ 5 bilhões de lucro em 2025. Ele também observou sinais de recuperação no segundo trimestre e um pipeline robusto de investment banking, que pode ajudar a sustentar as receitas.
Apesar do desempenho negativo, os analistas do BTG Pactual e do JP Morgan mantiveram suas recomendações de compra, destacando que o valuation descontado das ações oferece um ponto de entrada atrativo. O Bank of America também manteve a recomendação de compra, com preço-alvo de US$ 31, reconhecendo que o ambiente de taxas elevadas adiou uma melhoria esperada nos lucros, mas vendo valor nas ações da XP a longo prazo. No entanto, a XP enfrenta desafios significativos. A manutenção de taxas de juros elevadas e a falta de iniciativas claras para impulsionar novos negócios são preocupações centrais. Além disso, a sustentabilidade das receitas do investment banking e o impacto limitado das novas iniciativas, como banking e PMEs, são questões que precisam ser resolvidas para melhorar o momentum das ações. A reação negativa do mercado ao balanço da XP e as avaliações dos analistas destacam um cenário de cautela. Embora os fundamentos da corretora apresentem crescimento, as incertezas macroeconômicas e a necessidade de novas estratégias de negócios são fatores críticos que influenciarão o desempenho das ações nos próximos trimestres.
Publicado por Heverton Nascimento
*Reportagem produzida com auxílio de IA