Com mercado exigente, passar nas seleções de emprego tem se tornado desafio para candidatos

Nem a experiência como garçom, fiscal de loja e repositor, além dos cursos de vigilância, escolta armada e brigada, garantiram a Dioferson Soler Gonçalves, de 44 anos, uma oportunidade de trabalho em Campo Grande.

Apesar da qualificação e da experiência em diversas áreas, o caminho para conseguir um encaixe no mercado de trabalho foi árduo. Depois de receber muitos "nãos" enquanto procurava uma vaga na área de segurança e portaria, Soler conseguiu um emprego em uma conveniência.

"Está cada dia mais difícil. Você tem a qualificação, mas quando vai fazer a entrevista é um monte de critério", reclama ao Jornal Midiamax. Soler trabalhava como fiscal de prevenção em um atacadista da Capital, mas precisou se desligar, pois estava de mudança para outra cidade.

Ao voltar para Campo Grande encontrou dificuldade de retornar ao mercado de trabalho, mesmo com experiência e qualificação em várias áreas. "Em todo lugar está desse jeito. Às vezes você até passa na seletiva, mas é tanta burocracia", desabafa.

Seleção criteriosa

Enquanto os candidatos, que estão na batalha para a inserção no mercado, afirmam quase se "digladiar" por uma vaga, especialista em Recursos Humanos garante que as seletivas têm ficado cada vez mais criteriosas.

Para a especialista Lúcia Coletto, as áreas estão ficando específicas e por isso exigem um profissional mais qualificado. "Nós temos áreas de tecnologia e essa tecnologia pode ser aplicada a banco; pode ser aplicada a hospitais; na área do agronegócio", exemplifica à reportagem.

Por conta disso, as empresas acabam aplicando filtros ao escolher o candidato. "As pessoas vão tendo que fazer um funil e prevalecendo as habilidades principais dela. É muito importante que o candidato se encaixe nessas habilidades específicas da área que ela está buscando", explica.

"O recrutador avalia em que esse candidato está preparado, através das suas experiências anteriores, para assumir esse cargo ao qual ele está sendo chamado para uma entrevista", revela ao Jornal Midiamax.

Como se dar bem nas entrevistas de emprego?

Pesquisa prévia

Lucia aconselha aos candidatos a fazer uma pesquisa prévia sobre a empresa na qual pleiteia a vaga. "O que jamais o candidato deve dizer na entrevista? Que ele não conhece e nunca ouviu falar sobre a empresa que o está entrevistando. Isso é imperdoável", ressalta à reportagem.

Quando a empresa divulga a vaga, já constam informações como nome, cargo e setor. "Aquele mínimo de informações que você vai receber, você já tem que fazer uma pesquisa prévia", aconselha.

Estar preparado

"O candidato tem que estar muito a fim dessa vaga. Não pode ser mais uma vaga", alerta Lucia. Ela acrescenta que é necessário pesquisar sobre a empresa, se arrumar adequadamente para a entrevista, chegar no horário e estar com a "higiene pessoal em dia".

"Ele estando nesta forma vai ter brilho nos olhos que vai comprovar tudo aquilo que o recrutador precisa", explica. Outra dica é ter foco total nas perguntas do recrutador para ter melhor objetividade nas respostas.

Nunca minta

Se você é dos que aumenta um pouco as informações do currículo para aumentar seu "valor", cuidado. Mentir no currículo pode fazer o recrutador te eliminar do processo.

"Por exemplo, você falar que tem um inglês fluente e o recrutador começa a falar com você em inglês e você não sabe responder. Você imediatamente é descartado", diz.

Outro ponto comum é aumentar o tempo de permanência ou mentir sobre ter trabalhado em determinado lugar. Se as informações do currículo forem checadas e não confirmadas, o candidato é descartado.

"Se é uma empresa séria que está te contratando, ela vai checar essas informações. Até para ela ter um programa de retenção de talentos, para ela contratar pessoas que estejam realmente acreditando na proposta de trabalho", explica.

Seguindo as orientações, o processo de entrevista de emprego deve se tornar mais fácil e leve, além das chances de contratação aumentarem.