O câncer de próstata é o mais incidente no homem e o 2º que mais mata - atrás do câncer de pulmão - segundo dados do Sistema de Informação sobre Mortalidade do Ministério da Saúde. As informações revelam um pedido de socorro da saúde masculina e serve de alerta no Dia Internacional do Homem, celebrado neste sábado (19).
Conforme o Ministério da Saúde, de 2019 a 2021, foram mais de 47 mil óbitos em razão de tumores na próstata. No ano passado, 16.055 homens morreram em consequência da doença, o que corresponde a cerca de 44 mortes por dia. O Inca (Instituto Nacional do Câncer) espera 65.840 novos casos de câncer de próstata em 2022.
A maioria dos homens classifica o câncer de próstata como uma doença da terceira idade, mas fator ela tem crescido em um público mais jovem. Estudo publicado diz que houve um aumento de 5% no número de novos casos entre homens com idade entre 20 e 49 anos.
Considerado o tipo mais comum de câncer entre a população masculina, o de próstata representa 29% dos diagnósticos no país. A campanha Novembro Azul serve de alerta à gravidade e prevenção desta doença, que não costuma mostrar sinais até que esteja em estágio avançado.
Além disso, outro dado que chama a atenção. De acordo com o IBGE, os homens vivem, em média, 7 anos a menos do que as mulheres.
Um dos fatores que contribuem para isso é a falta de cuidado deles com a própria saúde. Segundo o urologista Ari Miotto, os homens, normalmente, priorizam outros compromissos e deixam o autocuidado para depois.
Conforme Miotto, a orientação é que os homens procurem um urologista assim que entram na puberdade. Essa fase necessita de orientações quanto a essa nova etapa da vida e início da atividade sexual.
"Já quando falamos sobre as doenças da próstata, a consulta periódica é indicada a partir dos 45 anos para aqueles que têm histórico de câncer na família e também para os de pele negra. Para pacientes sem histórico de doenças na próstata entre os familiares, a avaliação anual pode ser iniciada a partir dos 50 anos de idade", explica o médico.
Exames rotineiros e preventivos, como o de toque retal, são importantes para se evitar um possível diagnóstico tardio da doença.
Níveis elevados de testosterona, diabetes não tratada, obesidade e sedentarismo são fatores importantes que podem estar associados a este tipo de câncer.
A genética também contribui, principalmente nos casos como três ou mais parentes de primeiro grau tiverem a doença, dois parentes de primeiro grau afetados antes dos 55 anos de idade ou quando ocorrer em três gerações consecutivas.
Outro ponto que é mais negligenciado pelos homens do que o corpo é a mente. Além disso, segundo o especialista, a saúde mental pode impactar na saúde física.
"Sabemos que a saúde mental desequilibrada pode ter um impacto no dia a dia, inclusive na saúde física, mas tem algumas medidas que podemos tomar, com o objetivo de prevenir ou melhorar essa situação", diz.
Dentre as medidas elencadas pelo médico estão:
Alguns fatores podem influência no desenvolvimento de um câncer de próstata, como genética, hereditariedade e envelhecimento. Entretanto, há hábitos que podem ajudar a prevenir a doença, assim como diversas outras.
"[...] reduzir o consumo de bebida alcóolica, assim como o tabagismo, manter o peso adequado para a sua idade e altura, porque homens obesos e com sobrepeso estão mais propensos a desenvolver o câncer de próstata, como eu já disse, ter uma alimentação adequada, praticar atividade física, tudo isso, esses pequenos cuidados ajudam a evitar não somente o câncer de próstata, mas outros problemas de saúde", recomenda Miotto.
O câncer de próstata é o crescimento desordenado e desorganizado da próstata - glândula presente no homem que produz o líquido seminal e nutre o esperma.
Além disso, o médico ressalta que caso o homem tenha alguma doença urológica, o importante é manter a calma. "Hoje, a maioria das doenças tem tratamento curativo, principalmente quando diagnosticado precocemente e considerando que o diagnóstico precoce está ligado diretamente a uma avaliação periódica. A gente sempre lembra, portanto, que a prevenção e a avaliação com seu médico de confiança são sempre o melhor caminho", explica.
Entre os principais sintomas da doença, estão: disfunção erétil, micção frequente, fluxo urinário fraco, aumento da vontade urinar a noite, sangue ou sêmen na urina e dor na lombar, irradiada ou não para os membros inferiores. Vale lembrar que os sintomas são mais comuns quando o câncer já está mais avançado.
Ignorar os sintomas, principalmente relacionados ao ato sexual e miccional, além de não realizar os exames necessários, são os maiores erros dos homens, conforme especialistas.
O neurologista especialista em dor Dr. Rogério Adas, aponta que, apesar dos esforços de conscientização sobre a saúde masculina ocorrerem em novembro, a saúde dos homens deveria ser um assunto lembrado durante todo ano.
"[...] não só para os problemas relacionados ao aparelho urogenital. Buscar tratamento para a dor, seja ela uma lombalgia, uma cefaleia, um câncer de próstata, ou outro problema específico, é necessário para evitar sua cronificação e, claro, melhorar a qualidade de vida do paciente", opina.
As diferenças em como homens e mulheres reagem à dor tem várias condições diferentes, incluindo a prevalência de dor lombar, osteoartrite, fibromialgia, disfunção temporomandibular, dor de cabeça e dor abdominal nesses grupos.
Além disso, é necessária uma abordagem personalizada e multidisciplinar para cada caso, que leve essas peculiaridades em consideração.
Além das particularidades entre sexos e gêneros que existem para tipos de dor semelhantes, também existem doenças específicas do homem. É o caso da Síndrome da Dor Pélvica Masculina, definida pela Sociedade Brasileira para o Estudo da Dor (SBED) como dor, pressão ou desconforto crônico localizado na pelve, períneo ou genitália de homens.
Os sintomas mais comuns dores ou desconfortos no períneo, área suprapúbica, pênis e testículos, além de incômodos ao urinar e ejacular, e também a disfunção sexual.
A avaliação da dor no homem também pode sofrer influência de fatores sociológicos, já que eles são ensinados desde cedo a serem firmes, tolerarem a dor e suportarem experiências dolorosas.
A comemoração do International Men"s Day aconteceu pela primeira vez em 1999, em Trinidad e Tobago, pelo Dr. Jerome Teelucksingh, professor de História na Universidade das Índias Ocidentais, com o apoio das Organizações das Nações Unidas (ONU).
E entre os motivos, além de promover os valores humanitários básicos, a data também procura chamar a atenção para os cuidados com a saúde e o bem-estar masculino.