O presidente da Argentina, Javier Milei, participará de um evento conservador neste fim de semana em Santa Catarina. Com o banho de afeto de seus pares ideológicos, o presidente argentino está se posicionando como líder global da direita. Desde que assumiu o cargo em dezembro, Milei fez oito viagens ao exterior, a maioria para os Estados Unidos e a Europa, onde se reuniu com poucos líderes e, em vez disso, participou de eventos religiosos ou de grupos de direita que lhe concederam algum prêmio. Nessas viagens, o economista, que tem a missão de tirar a Argentina de uma crise profunda, afirma que o Estado é uma “organização criminosa” e adverte que “o Ocidente está em perigo” por causa do “avanço do socialismo”. Seus críticos o questionam por essas visitas que, segundo eles, parecem mais encontros privados do que assunto de Estado. Nesta quarta-feira (4) Milei notificou o governo Luiz Inácio Lula da Silva sobre sua viagem ao Brasil. Ele não fará qualquer contato com o presidente Lula, a quem fez novos ataques nesta semana.
A Embaixada da Argentina enviou ao Itamaraty formalmente, no início da tarde, uma nota verbal com informações sobre o plano da viagem de Milei. Até então, o Ministério das Relações Exteriores dizia que o governo brasileiro não havia sido nem sequer comunicado da visita. Por decisão de Milei, ele não pediu uma reunião com Lula e autoridades do Palácio do Planalto. Milei havia indicado em duas cartas interesse em se reunir com o petista, mas ficou sem resposta. Os presidentes se encontraram na Itália, durante uma sessão plenária do G-7, mas apenas se cumprimentaram de forma protocolar. Na próxima segunda-feira (8), em Assunção, Paraguai, acontece a cúpula semestral de presidentes do Mercosul (Brasil, Argentina, Uruguai, Paraguai e a Bolívia, cujo Congresso aprovou, nesta quinta-feira, 4, sua adesão ao bloco), Milei se negou a ir.
O argentino pretende desembarcar em Santa Catarina no sábado, dia 6, à noite, e regressar a Buenos Aires no domingo, dia 7, também no período noturno. Milei repete no Brasil o que fez quando visitou a Espanha, em maio, e ignorou o premiê socialista Pedro Sánchez, em um episódio da crise política entre os países, que continua aberta. Ele disse recentemente que o premiê é “motivo de chacota” e o chamou de “incompetente” e “covarde”. Em entrevista, o petista disse que Milei deveria se desculpar por ter dito “muita bobagem” sobre ele e o Brasil durante a campanha eleitoral no ano passado.
O governador de Santa Catarina, Jorginho Mello (PL), prepara um jantar com o presidente da Argentina, Javier Milei, e com o ex-presidente Jair Bolsonaro (PL). Havia a previsão de que a reunião fosse uma agenda pública mas, diante de um entrave logístico, o encontro será feito reservadamente. O encontro entre Jorginho, Bolsonaro e Milei está sendo organizado pelo deputado federal Eduardo Bolsonaro (PL-SP), filho do ex-presidente, que também vem articulando a realização da CPAC no País. A conferência contará com parlamentares que integram o “núcleo duro” do bolsonarismo no Congresso. Também está prevista a participação de José Antonio Kast, líder da direita no Chile.
*Com informações da AFP e Estadão Conteúdo
Publicado por Sarah Américo