Quase sempre apostou em imigrantes para isso, semelhante ao que a nação rica em petróleo e gás natural faz para o desenvolvimento de sua economia.
Nos últimos 12 anos, fez o mesmo para a construção de toda a infraestrutura para receber o Mundial, incluindo os estádios, num processo cercado de acusações de desrespeito aos direitos humanos.
Não é de estranhar, portanto, que à beira do gramado do estádio Al Bayt, na partida inaugural do torneio, diante do Equador, às 13h (de Brasília), um estrangeiro, o espanhol Félix Sánchez, seja o encarregado de dirigir a seleção qatariana em sua estreia em Copas.
O treinador trabalhou na base do Barcelona até 2006, quando o governo do Qatar o contratou para comandar um centro de formação de atletas. Em 2017, ele assumiu a equipe principal, já iniciando o planejamento para este Mundial.
Em junho passado, todos os atletas que estavam nos planos de Sánchez para a Copa foram retirados de seus clubes e começaram a preparação em tempo integral.
Sob o comando dele, o primeiro anfitrião estreante em uma Copa do Mundo desde a Itália, em 1934, tem um recorde para proteger, já que nenhum país-sede jamais perdeu na estreia.
Uma forma de manter essa invencibilidade é fazer gols e evitar repetir o que aconteceu com o México, em 1970, na última vez em que um anfitrião não balançou as redes na abertura. Na ocasião, os mexicanos empataram por 0 a 0 com a União Soviética.
A maior esperança ofensiva da torcida está nos pés do atacante Akram Afif, 25. Rápido e driblador, ele teve passagens por Villarreal e Sporting Gijón (ambos da Espanha) e hoje está no Al Sadd, do Qatar.
Os qatarianos têm, ainda, uma missão mais difícil. A de tentar avançar ao mata-mata para não repetir a campanha da África do Sul, em 2010, único país-sede que caiu ainda na primeira fase.
O treinador espanhol diz que esses objetivos o ajudam a manter o foco no futebol, a despeito de ter que se posicionar sobre todas as polêmicas que cercam a realização do torneio no país.
Para ele, aliás, há um "esforço para desestabilizar" o país. "A melhor coisa que você pode fazer como time ou jogador de futebol é manter a calma e evitar rumores ou barulho ao seu redor. Obviamente não gostamos que critiquem nosso país, mas em termos de futebol tivemos uma ótima preparação."
Sánchez também ficou incomodado neste sábado (19) ao ser questionado sobre um suposto esquema apontado pelo jornal inglês Daily Mail, segundo o qual jogadores do Equador estariam sendo subornados para perder a partida contra os qatarianos.
O Equador perdeu apenas 1 das últimas 15 partidas. Foram cinco vitórias e nove empates. A equipe sul-americana está em sua quarta Copa do Mundo. Classificou-se também para as edições de 2002, 2006 e 2014. A melhor campanha foi há 16 anos, na Alemanha, quando chegou às oitavas de final.
"Há muita desinformação", disse o técnico. "A internet é uma ótima ferramenta, mas também é muito perigosa. Ninguém poderá nos desestabilizar com essas declarações. Não somos afetados em nada. Estamos muito felizes por jogar uma Copa do Mundo. Estamos focados em fazer nosso melhor jogo e não levaremos mais nada em consideração."
O Qatar está em 50º lugar no ranking da Fifa e nunca havia se classificado para o Mundial, embora seja o atual campeão da Copa da Ásia e tenha chegado às semifinais da Copa Ouro da Concacaf de 2021, quando foi convidado.
"Se tivéssemos participado das eliminatórias desta vez, teríamos nos classificado", afirmou o capitão Hassan al-Haydos, o jogador com mais partidas pelo Qatar, com 169 jogos.
"Esta edição é para todos os árabes, e nós temos responsabilidade por todos os árabes. São quatro esquadrões árabes participando e desejo boa sorte a todos."
Estádio: Al Bayt, em Al Khor (Qatar)
Horário: Às 13h (de Brasília) deste domingo (20)
Árbitro: Daniele Orsato (Itália)
VAR:Massimiliano Irrati (Itália)
Transmissão: Globo, SporTV, Globoplay e youTube (CazéTV)