Nos dias anteriores, cerca de 300 profissionais de imprensa foram ao centro de treinamento do clube que leva o nome da cidade para ouvir uma palavra, buscar uma imagem ou ao menos sentir o clima do elenco após as polêmicas envolvendo o maior astro da equipe, Cristiano Ronaldo.
Nesta segunda-feira (21), um dia após a abertura do Mundial, o número de jornalistas caiu para menos da metade. Foi quando o craque resolveu falar pela primeira vez no Qatar.
"Eu falo quando quero", disse o astro. "Timing é sempre timing. Do vosso lado [imprensa] é fácil ver como podemos escolher os timings. Às vezes, vocês escrevem verdades, às vezes escrevem mentiras."
Às vésperas da Copa, palavras ditas pelo craque em entrevista ao programa de TV britânico Piers Morgan Uncensored dominaram o noticiário em torno do nome dele e da seleção portuguesa.
Ele fez duras críticas ao seu atual clube, Manchester United, e ao técnico Erik ten Hag. E também acusou "algumas pessoas" de tentarem forçar sua saída da equipe, da qual disse se sentir traído.
As declarações contaminaram o ambiente da seleção. Todos os jogadores que deram entrevista depois do episódio foram questionados sobre isso. Alguns demonstraram incômodo. Para Cristiano Ronaldo, porém, o elenco português não será influenciado por isso durante o Mundial.
"Não vai influenciar o que a seleção quer. Staff, roupeiros... Todos me conhecem desde os 11 anos. Todos querem muito esta competição, todos querem jogar, que é algo que gosto de ver, a ambição é muito alta", afirmou. "Não só este episódio que ocorreu comigo, mas outros episódios poderão abalar o próprio atleta, mas não vai abalar o plantel."
Ronaldo citou, ainda, que o estranho aperto de mão entre ele e o meia-atacante Bruno Fernandes, que foi flagrado pelas câmeras e viralizou, foi resultado de uma brincadeira entre os eles, que são companheiros de time na seleção e no United.
"A minha relação com ele [Bruno] é excelente", afirmou. "Eu estava brincando com ele. O avião dele chegou tarde e eu perguntei se ele tinha vindo de barco. É isso."
Aos 37 anos, o atacante quer deixar esses episódios de lado para se concentrar em seu maior objetivo: a conquista do inédito título da Copa do Mundo para a seleção portuguesa. Essa é a quinta vez que ele vai disputar a competição e, por sua idade, deverá ser a última.
Mesmo assim, ele assegura que não vai se abalar caso a taça não venha. "Claro que tenho de demonstrar o que sou ano após ano, mas será o Mundial a competição mais importante? Sim, é das mais, é um sonho ganhar, mas se não ganhassem mais nenhum troféu estaria orgulhoso."
Mais orgulhoso, no entanto, ele ficaria se tiver a chance de enfrentar o argentino Lionel Messi na decisão da Copa do Mundo. Como o adversário também está em seu último Mundial, a possibilidade de um duelo entre eles gera grande expectativa.
Mais descontraído depois de responder as perguntas sobre as polêmicas na qual está envolvido, o craque português brincou sobre uma foto divulgada dias atrás por ele e pelo camisa 10 argentino que faz parte de uma campanha da marca Louis Vuitton. A imagem mostra os dois astros em uma partida de xadrez.
"Estou focado e extremamente otimista de que as coisas vão correr bem. Xeque-mate vamos fazendo na vida, não só no xadrez, e eu faço muitas vezes. Não sei ser direto quanto a isso, mas gosto de ser eu a fazer o xeque-mate contra ele [Messi]. Seria bonito acontecer, já aconteceu num jogo de xadrez, então no futebol seria ainda mais."
Para Cristiano Ronaldo, contudo, mesmo um possível duelo entre os dois na decisão do maior torneio de futebol do mundo não encerraria as discussões sobre quem é melhor entre ele e Messi.
"Mesmo se ganhasse a Copa haveria esse debate. É como em tudo, há aqueles que gostam mais de loiras, aqueles que gostam de morenas."