Após os depoimentos das testemunhas na manhã desta segunda-feira (21), o réu Adailton Freixeira foi interrogado sobre o feminicídio de Francielle Guimarães Alcântara, de 36 anos. O crime aconteceu em janeiro deste ano e a vítima foi encontrada morta com sinais de tortura.
No banco dos réus, Adailton tentou negar as agressões, mesmo após ter confessado para a polícia algumas das torturas que praticou com a vítima. Sobre o hematoma que Francielli tinha no pescoço, ele disse que ela havia tentado se enforcar um tempo antes.
No entanto, teria conseguido soltar a vítima. Adailton ainda disse que a mulher tinha diabetes e que costumava desmaiar. Além disso, que chegou a dar dinheiro para a vítima fazer os tratamentos.
O réu ainda afirmou que, quem teria contado sobre o novo relacionamento da vítima, teriam sido as irmãs de Francielle, por inveja dela. Apesar disso, ele alegou que não era ciumento, mas que a vítima era.
Apesar de já ter confessado as torturas, ele alegou no plenário que nunca agrediu a esposa. Inclusive, porque caso tivesse agredido os vizinhos teriam ouvido algo.
Sobre a morte de Francielli, Adailton afirmou que "só pegou no pescoço dela". Ele ainda disse que após a janta a vítima tomou o medicamento e, após buscar água para a esposa, a encontrou caída.
Então, teria socorrido a vítima e pedido para o filho adolescente chamar o Samu. Sobre as acusações de cárcere privado, ele disse "Não sei disso não".
Revivendo a morte da filha no julgamento de Adailton Freixeira, que acontece nesta segunda-feira, a dona de casa Ilda Guimarães Pereira, de 53 anos, diz que espera por Justiça pelo feminicídio da filha.
"Eu espero pela Justiça dos homens e a de Deus", falou Ilda, que ainda relatou a falta de memória após a perda tão brutal de Francielle. A dona de casa ainda contou que a filha nunca reclamou do relacionamento.
No entanto, disse acreditar que seria por medo que ela passasse mal, já que tem problemas de saúde. "Parece que é hoje o dia que tudo aconteceu porque a gente revive tudo de novo", diz muito abalada a dona de casa.
Ela falou que tomou calmantes na noite de domingo (20) para conseguir acompanhar o julgamento de Adailton. "Tento tocar a minha vida, mas sempre tem algo que lembra minha filha", disse Ilda.
Adailton não negou as sessões de tortura e disse que teria cometido os atos por uma suposta traição da mulher, que mal saía de casa, fato que repete reiteradas vezes em depoimento, na tentativa de encontrar justificativas para os atos cruéis cometidos.
O homem contou que a tortura começou com os cortes de cabelo que fez em Francielle, sendo que em uma das vezes chamou um barbeiro para "acertar" o cabelo da vítima pagando R$ 20.
O soldador detalhou que em uma das sessões de tortura à Francielle, ele chegou a esfaqueá-la no tórax, causando uma ferida de 7 a 10 centímetros, além de fazer cortes nas costas da vítima e perfurar a sua costela com uma faca de serra.
Adailton ainda teria ameaçado cortar as partes íntimas da esposa, caso ela continuasse a 'mentir' para ele.
Sobre as nádegas de Francielle estarem sem peles, Adailton disse que os machucados eram devido a quedas que a mulher havia sofrido. Ele ainda afirmou que o local havia infeccionado e ela que teria pedido para ele passar uma navalha para retirada de pus.
O soldador disse que após fazer o procedimento com a gilete, jogou água oxigenada nas nádegas de Francielle 'que parecia não sentir dor'.
Adailton ainda teria batido por oito vezes com a perna de uma cadeira nas nádegas machucadas de Francielle. Sem detalhar o motivo, Adailton confessou que bateu novamente na mulher após ela retornar da casa da irmã em dezembro, onde passou três dias.
Ele teria dado chutes na barriga de Francielle na ocasião. Sobre os dentes quebrados de Francielle, Adailton afirmou que foram quebrados quando ela caiu no chão, e que a própria esposa teria terminado de arrancá-los com um alicate de unha.
No dia da morte de Francielle, ele contou que ainda tentou reanimar a esposa. Quando não conseguiu, pediu para que o filho de 17 anos acionasse o Samu, mas nega ter dito ao adolescente que teria visto Francielle tomar remédios.
Ele fugiu logo em seguida, indo para a rodoviária de Campo Grande e pegando um ônibus indo direto para Cuiabá.
Adailton acabou preso no dia 31 de janeiro, na rodoviária de Cuiabá, no Mato Grosso, onde tinha parentes e pretendia se esconder da polícia.
No dia 3 de fevereiro, Adailton chegou a Campo Grande, após policiais irem buscá-lo no Mato Grosso.