Como se não bastasse surto de doenças respiratórias, tão comuns nessa época do ano, Campo Grande também vive surto de doenças gastrointestinais, com sintomas como vômito, diarreia e dor abdominal. As unidades de saúde estão lotadas desde a semana passada e seguem cheias nesta segunda-feira (2).
Segundo a médica Carolina Arroyo, as gastroenterites são infecções na mucosa do trato gastrointestinal e que podem ter relação com o vírus da covid.
"O que a gente observa nessa época é a prevalência por infecções virais e existem vários vírus que podem ser capazes de provocar uma gastroenterite. O principal entre eles é o rotavírus, mas a gente observa também a presença do covid influenciando nesses casos de gastroenterite", explica a médica.
As ocorrências são principalmente de diarreia e gastroenterite de origem infecciosa, que são as doenças classificadas como viroses.
Essas infecções referem-se à inflamação do trato gastrointestinal, que podem ser causadas por vírus, bactérias ou parasitas.
Os atendimentos de pessoas com esses sintomas dispararam na cidade. De acordo com a Sesau (Secretaria Municipal de Saúde), os atendimentos nas unidades de urgência e emergência dobraram nas últimas duas semanas, saindo da casa dos 2 mil atendimentos por dia para cerca de 4 mil/dia.
Nos hospitais da Unimed e da Cassems, da rede particular, os atendimentos também cresceram nas últimas semanas.
No sistema público de saúde, o estudante Enzo Nicolas, de 16 anos, precisou passar por dois atendimentos nos últimos 5 dias.
Ele procurou ajuda na UPA (Unidade de Pronto Atendimento) do Santa Mônica com sintomas como dor de barriga, dor no estômago e vômito.
Na quinta-feira, dia 29, o adolescente precisou de hidratação endovenosa, além de uma injeção e remédios para continuar o tratamento em casa. No entanto, apesar de apresentar melhora, na sexta-feira os sintomas retornaram.
Nesta segunda-feira (2), voltou à unidade de saúde acompanhado da mãe, a Andreia Rodrigues, de 42 anos, e contou que sentia bastante dor de cabeça e abdominal enquanto aguardava atendimento.
"Meu outro filho também teve alguns sintomas parecidos, mas não tão intensos como o Enzo, tanto que ele foi pra escola hoje", conta a mãe.
Ela mesma teve dor de estômago, mas recorreu a uma receita caseira dada por uma amiga para combater o mal-estar. "A gente vai se virando, tomando remédio caseiro, se virando como pode", completa.
O desossador Ricardo Farias Ribeiro precisou faltar ao trabalho para buscar atendimento médico. Neste domingo (1º), ele começou a ter diarreia e vômito.
Ao avaliar Ricardo, o médico disse que ele apresentava quadro de bastante desidratação, e precisou tomar soro. O calor acentuado pode facilitar essa realidade, já que perdemos ainda mais líquido em dias quentes.
"Para evitar a disseminação, a principal recomendação é manter as mãos sempre higienizadas, seja com álcool em gel ou com água e sabão, e evitar o contato das mãos com o nariz e com a boca, isso pode facilitar a disseminação do vírus", alerta Carolina.
A médica também orienta que é preciso sempre evitar o compartilhamento de objetos de uso pessoal.
"E se manifestar algum quadro gripal ou alérgico, o ideal é que use máscara para evitar também a disseminação do vírus", explica.
Segundo a Sesau, a maioria dos pacientes que tem buscado as unidades de saúde são adultos e sem queixas de doenças respiratórias, mas com sintomas gastrointestinais.
No caso das crianças, o cuidado precisa ser dobrado, já que elas podem desidratar mais rápido que adultos.
Uma leitora relatou ao Midiamax que, na tarde deste domingo (1°), 90% das crianças à espera de atendimento no hospital da Unimed apresentavam sintomas gastrointestinais. Ela precisou levar o filho à unidade de saúde por apresentar vômito e diarreia.
"O médico e a enfermeira me disseram que está assim desde julho. Muita criança com sintomas gastrointestinais, e a parte de atendimento adulto estava lotada", detalha a mãe.