Nesta quarta-feira (23), o Sinsap (Sindicato dos Servidores da Administração Penitenciária) de Mato Grosso do Sul se manifestou sobre a agressão sofrida por um policial penal. Ele foi ferido a socos por Guilherme Azevedo dos Santos, 30 anos, o Gibi do PCC (Primeiro Comando da Capital).
Em nota, o sindicato pontuou que tem recorrido às autoridades para solicitar a transferência de dois líderes de facção que estão na Gameleira. Ainda na terça-feira o sindicato foi até o presídio e verificou a sobrecarga.
Isso, porque havia ali 529 detentos e apenas 7 policiais penais plantonistas. Além disso, só na terça a unidade registrou 14 atendimentos médicos, 10 de advogados, 6 de dentistas, quatro de enfermagem e quatro escoltas.
"É uma movimentação extrema, que gera uma sobrecarga muito grande para o servidor. Se não bastasse a sobrecarga, muitas vezes, o policial penal tem sido retirado das suas atividades internas para ficar na escolta ou nas muralhas. Outra situação é que tem momento em que todas as torres são desativadas para que o servidor vá fazer escolta no hospital", afirmou o presidente do Sinsap, André Santiago.
Além do pedido de transferência das lideranças para presídio federal, o sindicato também solicita aumento do efetivo e suporte de armamento.
Por volta das 9h30 de terça-feira, o policial levou Guilherme para atendimento na enfermaria. Na volta, o preso não estava algemado por causa de uma tala que colocou na mão.
Então, assim que o agente abria a cela para colocar Gibi de volta, o autor deu um soco no rosto da vítima e a segurou pelo pescoço. Ele ainda fez ameaças contra o policial penal.
"Eu já falei que vou te matar (...) e tudo que eu já falei vou cumprir", disse. Também segundo relato do agente, Gibi teria dito: "Só não te matei agora porque o senhor me deu geral antes e joguei fora o chucho que fiz com escova de dente, já tinha tudo na minha cabeça de furar você igual um porco".
Ainda foi relatado pelo agente que Guilherme foi o membro do PCC flagrado com as cartas com ameaças aos servidores da Segurança Pública e ataques às autoridades.
O caso foi registrado como lesão corporal dolosa e ameaça.
Mesmo após laudo concluir que o bilhete encontrado com Guilherme Azevedo tinha sido escrito por ele, o membro da facção criminosa insiste em relatar que foi alvo de uma armação.
No bilhete apreendido, nomes de autoridades da Segurança Pública e do Judiciário figuravam como alvos para ataques em Mato Grosso do Sul. Em depoimento após o flagrante do bilhete em maio deste ano, Guilherme negou que estivesse escondendo a carta.
O bilhete passou por perícia e teve o resultado anexado ao processo, no dia 27 de setembro deste ano. Gibi do PCC relatou que não estava com bilhete algum e que tudo não passa de uma armação contra ele.
O membro da facção ainda falou que não foi feita revista nele e que não sabe a quem pertence o bilhete. Segundo a denúncia do MPMS (Ministério Público Estadual), os agentes penais e um delegado de polícia prestaram depoimento confirmando os fatos.
Ainda segundo os agentes penais, Guilherme estava no pavilhão I destinado a presos de facção criminosa. Os dois agentes confirmaram o achado do bilhete.
Além disso, o delegado de polícia relatou que chegou ao seu conhecimento que na cela onde estava Gibi do PCC havia outros membros da facção. Gibi, inclusive, já teria sido liderança da facção no Estado e na cela onde estava havia membros com posição hierárquica superior a ele.
Ainda na cela estavam detentos especialistas em explosivos. Por fim, o MPMS pediu pela condenação de Gibi do PCC nos termos da denúncia.
Em um trecho da carta, o integrante do PCC diz: "Falam umas ideia na rua.. estão represália no sentido do secretário de segurança do estado [sic] [...] raiva de promotor de justiça, raiva de justiça e da polícia. Se puder, vou ceifar todos como fiz com o Junior".
O presidiário também confessou, no texto da carta, um homicídio cometido há 7 anos. Ele cita apenas o nome da vítima, que seria Junior.
Em outro trecho da carta, Guilherme relata que o pedido de transferência feito pelo Dracco (Departamento de Repressão à Corrupção e ao Crime Organizado) foi aceito pelo Ministério Público.
Relatório da Polícia Civil classifica que o manuscrito possui trechos terroristas, atentatórios à estabilidade das instituições constituídas, fazendo referência hostil ao Dracco, Sejusp, Ministério Público, Poder Judiciário e polícias em geral, motivados pelo inconformismo com a notícia do requerimento de sua remoção para presídio federal.
Após um princípio de motim no dia 30 de maio, no Presídio de Segurança da Gameleira, em Campo Grande, foi descoberto um suposto plano de ataque à Polícia Militar e Civil de Mato Grosso do Sul, com instruções até de como se fazer bombas, guardadas com um membro do PCC.
Tudo estava escondido em um bilhete, dentro da costura do short de um dos detentos, identificado como Guilherme Azevedo dos Santos, de 29 anos, encarcerado em uma das celas do pavilhão I. Ele é apontado pela polícia como membro da facção criminosa PCC.
No bilhete, havia instruções para que os "irmãos" de facção se unissem para atacar os policiais militares, e policiais civis que estariam atacando os membros da facção de Caarapó e da região. Ainda no bilhete havia escrito: "vamos montar um tabuleiro e matar no ninho".
Ainda segundo as instruções do bilhete, era para que as delegacias fossem monitoradas e, assim, os batalhões atacados com bombas, 'matando no ninho'. Instruções para como fazer a bomba estavam listadas.
Ao final, o detento avisa que outras instruções seriam 'passadas logo'. Guilherme já foi preso três vezes por tráfico de drogas, tentativa de homicídio e receptação.