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Prefeitura do mais louco do Brasil superfaturou verba da merenda, diz CGU

Administração de Juliano Ferro (PSDB), reeleito no domingo, teria superfaturado R$ 229,4 mil para alimentação dos estudantes das escolas pĂșblicas

Por Midia NAS em 11/10/2024 às 11:17:19
Juliano Ferro, prefeito de Ivinhema; prefeitura teria superfaturado dinheiro da merenda - Reprodução/Facebook

Juliano Ferro, prefeito de Ivinhema; prefeitura teria superfaturado dinheiro da merenda - Reprodução/Facebook

A prefeitura de Ivinhema, administrada pelo prefeito Juliano Ferro (PSDB) — que tambĂ©m Ă© influenciador nas horas vagas — praticou superfaturamento de recursos federais na compra de merenda escolar, conforme apontado pela Controladoria-Geral da União (CGU) em relatório publicado no mĂȘs passado.

O sobrepreço que resultou no superfaturamento ocorreu na compra de itens como carne bovina, carne de frango, ovos de galinha, pão, leite e outros alimentos destinados aos estudantes das escolas pĂșblicas do municĂ­pio.

O total do superfaturamento, segundo apurou o Correio do Estado com a CGU, Ă© de R$ 229,4 mil. Juliano Ferro foi reeleito no domingo (6) com 88% dos votos. A população aprovou sua administração, apesar das inconsistĂȘncias administrativas.

Na data da eleição, o relatório da CGU ainda não havia sido divulgado na imprensa, apenas nos canais internos da Controladoria-Geral da União.

O maior sobrepreço na compra de itens da merenda escolar ocorreu na aquisição de carne bovina.

Enquanto os supermercados de Ivinhema consultados pela CGU cobravam, em mĂ©dia, R$ 33,99 pelo quilo do alimento nas especificações contidas no edital, o municĂ­pio pagou R$ 44,90 pelo produto, resultando em uma diferença de R$ 10,91 por quilo.

Como foram adquiridos 9 mil quilos de carne durante o perĂ­odo analisado, o sobrepreço na compra de carne bovina foi de R$ 98.190,00.

AlĂ©m disso, houve sobrepreço, com posterior superfaturamento, na compra de pão francĂȘs.

A prefeitura pagou R$ 16,20 pelo quilo do pão, enquanto o preço estipulado no DiĂĄrio Oficial, que deveria ser seguido, era de R$ 10,61, gerando uma diferença de R$ 61.490,00 em recursos pĂșblicos repassados pelo governo federal.

A administração do "prefeito mais louco do Brasil" terĂĄ de explicar essa discrepância.

"Houve prĂĄtica de superfaturamento decorrente de sobrepreço contratual no Pregão Eletrônico nÂș 21/2022 no valor apurado de R$ 224.955,00 (R$ 155.515,00 em favor da C E G de Matos EIRELI e R$ 69.440,00 em favor da B A Marques LTDA), o equivalente a 20% do valor da amostra (10 itens de maior materialidade financeira — 81,03% do valor total adjudicado)", apontou a CGU em seu relatório.

Para efeito de comparação, o valor utilizado para a compra dos itens foi de R$ 778,2 mil. Ainda segundo a CGU, os recursos do Programa Nacional de Alimentação Escolar (PNAE) foram devidamente transferidos.

A prefeitura de Ivinhema não ofereceu qualquer explicação ao órgão federal de controle sobre as inconsistĂȘncias encontradas.

O sobrepreço foi identificado nos seguintes itens:

  • 12 mil quilos de frango: sobrepreço de R$ 14,1 mil;
  • 12 mil litros de leite pasteurizado: sobrepreço de R$ 17,4 mil;
  • 3 mil litros de óleo de soja refinado: sobrepreço de R$ 12,4 mil;
  • 3 mil quilos de feijão carioquinha tipo 1: sobrepreço de R$ 2,1 mil;
  • 3 mil dĂșzias de ovos de galinha brancos: sobrepreço de R$ 1,4 mil;
  • 2 mil quilos de cenoura: sobrepreço de R$ 15,3 mil;
  • 2,5 mil quilos de repolho: sobrepreço de R$ 10,025 mil;
  • 9 mil quilos de carne bovina: sobrepreço de R$ 98,1 mil;
  • 11 mil pães franceses: sobrepreço de R$ 14,1 mil.

Em contrapartida, o municĂ­pio pagou um item com preço abaixo da mĂ©dia de mercado: R$ 7,6 mil pela compra de 6 mil quilos de coxa e sobrecoxa de frango.

O total do sobrepreço e possĂ­vel superfaturamento Ă© de R$ 224,5 mil.

Excentricidade e investigações


Nas redes sociais, Juliano Ferro Ă© conhecido como "o prefeito mais louco do Brasil". No Instagram, por exemplo, ele tem 760 mil seguidores. 

Mas não Ă© só por isso que ele conhecido. Ferro tambĂ©m Ă© conhecido por ser alvo de vĂĄrias investigações e operações.

Na operação mais recente, Ferro foi alvo de investigação da PolĂ­cia Federal por suposta falsidade na declaração de seu patrimônio à Justiça Eleitoral. 

Em junho Ășltimo, decisão liminar na 2ÂȘ Vara de Ivinhema proibiu Juliano Ferro de praticar atos de promoção pessoal e de ocupar ou permanecer em lugar de destaque em eventos custeados com recursos pĂșblicos no MunicĂ­pio.

Em 2021, o prefeito foi alvo do MinistĂ©rio PĂșblico por desrespeitar decreto que ele mesmo havia assinado proibindo aglomerações e acabou flagrado participando de uma festa em uma fazenda.

AlĂ©m disso, foi alvo de investigação por conta das seguidas rifas de veĂ­culos das quais participa e das quais diz ter tirado boa parte de seu atual patrimônio.

Em outra investigação, cujo teor estĂĄ sob sigilo,  são apuradas "eventuais ilegalidades em processos de inexigibilidade de licitação para contratação de artistas pelo MunicĂ­pio de Ivinhema nos anos de 2021, 2022, 2023 e 2024". 

Em maio, sem citar uma ação especĂ­fica, o prefeito atribiu as investigações contra ele "a pessoas do mal".

"Toda vez que vocĂȘ se tornar grande, pessoas fracas vão se levantar contra vocĂȘ. Pessoas do mal vão se levantar contra vocĂȘ, eles vão te atacar e isso faz parte do processo de crescimento…", postou em vĂ­deo no Instagram.

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