Citado em investigação da PF (PolĂcia Federal) que apura suposto esquema de venda de sentença praticado por cinco desembargadores do TJMS (Tribunal de Justiça de Mato Grosso do Sul), o Procurador de Justiça do MPMS (MinistĂ©rio PĂșblico de MS), Marcos Antônio Martins Sottoriva, Ă© alvo de investigação do CNMP (Conselho Nacional do MinistĂ©rio PĂșblico).
O procurador foi citado nas investigações e alvo de busca e apreensão em seu apartamento, durante a Operação "Ultima Ratio", que culminou no afastamento dos cinco magistrados implicados.
Conforme nota oficial, o órgão nacional de fiscalização dos MPs informa que instaurou reclamação disciplinar para apurar a conduta do procurador. Agora, o caso estĂĄ nas mãos do corregedor do CNMP, procurador Ăngelo Fabiano Farias da Costa, que decretou sigilo no processo.
Depois das investigações preliminares, o CNMP pode abrir um PAD (Processo Administrativo Disciplinar) contra Sottoriva.
Conforme o relatório de investigação da PF, Sottoriva enviou mensagem ao desembargador afastado do TJMS, Marcos JosĂ© de Britto, para agradecer por uma sentença: "Obrigado de coração. Boa PĂĄscoa na bĂȘnção de Deus e de seu filho Jesus Cristo".
Assim, a PF apurou que o procurador do MPMS enviou em março de 2020 ao desembargador o nĂșmero de um recurso de agravo de instrumento contra decisão de 1Âș grau, que indeferiu liminar em processo ajuizado por ele a respeito da compra de uma fazenda, com valor da causa de R$ 5 milhões.
Sem ter acessado os autos, o desembargador do TJMS pede a seu assessor para providenciar a elaboração de decisão liminar, concedendo os efeitos pretendidos, sem entrar no mĂ©rito, e assinar a decisão.
As mensagens entre o procurador de Justiça e o desembargador "demonstram fatos bastante graves", informa a investigação. "A nosso ver, fica claro que o desembargador profere indevidamente decisão favorĂĄvel ao procurador de justiça em razão do cargo dele", frisa.
Sottoriva jĂĄ foi Corregedor-geral do MPMS e atualmente estĂĄ lotado na 5ÂȘ Procuradoria de Justiça CĂvel.
A reportagem acionou o MPMS para emitir posicionamento sobre as acusações, mas não obteve resposta atĂ© esta publicação. O espaço segue aberto para manifestações.
A PF (PolĂcia Federal) pediu a prisão de 12 dos 26 investigados por suposto esquema de venda de sentenças no TJMS (Tribunal de Justiça de Mato Grosso do Sul).
Entre os que tiveram pedido de prisão representados pela autoridade policial estão os cinco desembargadores que foram afastados do cargo: Vladimir Abreu da Silva, Alexandre Aguiar Bastos, Sideni Soncini Pimentel, SĂ©rgio Fernandes Martins e Marcos JosĂ© de Brito Rodrigues.
AlĂ©m deles, tambĂ©m foi representada prisão do conselheiro afastado do TCE-MS (Tribunal de Contas do Estado), Osmar Domingues Jerônymo, e seu sobrinho Danillo Moya Jerônymo - que Ă© servidor do TJMS.
TambĂ©m foram alvo de pedidos de prisão: JĂșlio Roberto Siqueira Cardoso - desembargador recĂ©m-aposentado flagrado com R$ 2,7 milhões que foram apreendidos -, Diego Moya Jerônymo (parente de Osmar Jerônymo e proprietĂĄrio da empresa DMJ LogĂstica e Transportes Ltda), Everton Barcellos de Souza (sócio da DMJ), Percival Henrique de Sousa Fernandes (proprietĂĄrio da PH Agropastoril) e o advogado Felix Jayme Nunes da Cunha.
No entanto, os pedidos foram rejeitados pelo ministro do STJ (Superior Tribunal de Justiça), relator Francisco Falcão: "A medida extrema de prisão não deve ser adotada nesse momento, jĂĄ que, por ora, hĂĄ outras medidas cautelares capazes de atingir a mesma finalidade, com menor ônus. AlĂ©m do mais, a efetivação de prisões cautelares nesse momento imporia a necessidade de conclusão das apurações, com oferecimento de denĂșncia, em prazo exĂguo".
Assim, os investigados deverão usar tornozeleira eletrônica e ficam proibidos de conversar com funcionĂĄrios e frequentar o TJMS.
A investigação que apura esquema de venda de sentenças apreendeu cerca de R$ 2,7 milhões em cĂ©dulas - entre reais, euros e dólares - e vĂĄrias armas. Todo o dinheiro teria sido apreendido na casa de um desembargador. JĂĄ as armas, a PF não informou em qual ou quais locais foram encontradas. Não houve prisões.