A diversidade é a mola propulsora de qualquer mercado e não poderia ser diferente com o mercado de vinhos, quanto mais num país que está é processo de formação do que, usualmente, se chama de "gosto nacional". Outrossim, para tornar o vinho mais permeável às diversas camadas da sociedade, os operadores do mercado de bebidas passaram a buscar alternativas mais baratas aos países produtores tradicionais de tal bebida. Neste diapasão, os vinhos produzidos nos países do Leste Europeu passaram a ser uma ótima alternativa de oferta aos consumidores nacionais.
A verdade é que os vinhos do Leste Europeu têm ganhado destaque no mercado internacional nos últimos anos, atraindo a atenção de consumidores e especialistas pela sua qualidade, autenticidade e história única. Países como Hungria, Romênia, Bulgária, Geórgia, Moldávia e Croácia são alguns dos principais produtores, e cada um oferece características distintas que refletem o terroir local e a tradição vinícola, muitas vezes centenária. Muitos países do Leste Europeu possuem castas locais pouco conhecidas no Ocidente, como a Fetească Neagră da Romênia, a Kadarka da Hungria e a Rkatsiteli da Geórgia.
Esses vinhos possuem perfis de sabor únicos, que não são encontrados em outras regiões, atraindo consumidores que buscam algo fora do convencional. O Leste Europeu tem uma longa história de vinificação, e a produção de vinho nesses países resistiu a períodos de instabilidade política e econômica, especialmente durante o período comunista. Hoje, muitos produtores estão recuperando técnicas antigas, integrando inovações modernas, e desenvolvendo vinhos que capturam a herança e a modernidade dessas regiões.
Em regiões como a Geórgia, métodos tradicionais como a fermentação em ânforas (Qvevri) são populares. Este processo cria vinhos intensos e complexos, atraindo o crescente mercado de vinhos naturais e orgânicos. As perspectivas para o mercado de vinhos do Leste Europeu são promissoras. Com o aumento do interesse global por vinhos artesanais e diferenciados, esses países estão se posicionando como uma alternativa acessível aos vinhos tradicionais da França e da Itália, por exemplo.
Hoje, no mercado nacional, é possível encontrar com alguma facilidade os vinhos dos países da Europa Oriental. Os vinhos da Romênia, Bulgária, Ucrânia, Croácia e Eslovênia estão ganhando popularidade e sendo cada vez mais importados para o Brasil, especialmente em lojas especializadas e importadoras que trazem rótulos diferenciados. A seguir, apresento alguns exemplos de vinhos disponíveis desses países e suas características:
- Romênia: No Brasil, há importadoras que oferecem rótulos romenos como Byzantium Blanc e Prahova Valley Feteasca Neagra. O Byzantium Blanc, por exemplo, é um vinho branco com notas de abacaxi e melão, ideal para pratos leves de frutos do mar. Já o Prahova Valley Feteasca Neagra traz um perfil mais encorpado, com sabores de ameixa defumada e carvalho, combinando bem com carnes .
- Bulgária: Embora os vinhos búlgaros sejam mais difíceis de encontrar, algumas lojas brasileiras já vendem variedades como o Mavrud, um vinho tinto nativo e encorpado com toques de frutas escuras e especiarias, típico da região de Trácia. Este vinho harmoniza bem com carnes assadas e pratos mais robustos.
- Eslovênia: Vinícolas eslovenas como a Puklavec & Friends exportam rótulos como o Seven Numbers Chardonnay e o Sauvignon Blanc, que têm boa acidez e notas cítricas. A variedade Furmint, nativa do país, também tem destaque por sua complexidade e corpo, sendo uma ótima opção para quem busca um branco sofisticado.
- Croácia: Os vinhos croatas vêm ganhando espaço, principalmente os tintos da uva Plavac Mali, que são potentes e cheios de personalidade, com sabores de frutas vermelhas e nuances de carvalho. Esses vinhos harmonizam bem com carnes vermelhas e queijos envelhecidos.
- Georgia: Muitos consideram a Georgia como o berço dos vinhos. Achados arqueológicos datados de 8 mil anos atrás indicam que a região fabricava e consumia vinho desde essa época da história humana. Ao redor da cidade de Tblisi, capital do país, funcionam várias vinícolas centenárias, entre elas a Tbilvino, produtora de famosos rótulos. Os métodos de vinificação desenvolvidos há milhares de anos ainda são mantidos.
Com o avanço da qualidade, inovação e autenticidade, os vinhos do Leste Europeu estão conquistando um espaço próprio no mercado global. As perspectivas para os próximos anos são de expansão e valorização, especialmente à medida que mais consumidores descobrem e se apaixonam pelos sabores únicos e histórias ricas desses vinhos. Salut!!!