Eduardo Riedel, futuro governador, e Reinaldo Azambuja, atual governador de Mato Grosso do Sul _ Divulgação
Jota Menon
O Poder Executivo Estadual sob o comando de um político “maracajuense” pelo período de 12 anos já está garantido com a eleição de Eduardo Riedel (PSDB), que administrará o Estado pelos próximos quatro anos, a partir de 1º de janeiro de 2023.
Eduardo Riedel, assim como Reinaldo Azambuja (PSDB), que completa oito anos administrado o Estado em 31 de dezembro vindouro, não é maracajuense de nascimento.
Reinaldo é campo-grandense, mas passou toda sua vida em Maracaju, onde sua família é tradicional produtora rural.
Eduardo Riedel nasceu no Estado do Rio de Janeiro, onde se formou em Biologia na Universidade Federal Fluminense, mas vive desde a graduação em Maracaju onde, em 1995, assumiu o comando dos negócios rurais da família e transformou a Fazenda Sapé em modelo a ser seguido pelos empresários do agronegócio.
Nos bastidores, os comentários sempre foram no sentido de que as lideranças políticas de Maracaju teriam pactuado um projeto de se manterem, no mínimo, 20 anos no comando da administração estadual.
O primeiro desafio, o grupo que administra o Estado desde 2015 já venceu: o de o governante da vez fazer o sucessor, desafio que os dois governantes que antecederam Reinaldo não conseguiram.
Zeca do PT tentou emplacar Delcídio do Amaral, então senador petista, mas acabou derrotado por André Puccinelli (MDB), enquanto este último indicou, em 2014, o ex-prefeito da Capital e atual senador da República, Nelsinho Trad (à época no MDB), que não chegou nem mesmo ao segundo turno.
Reinaldo quebrou essa sequência de derrotas de candidatos indicados pelo governador da vez e garantiu, no mínimo, o PSDB maracajuense 12 anos consecutivos à frente da administração estadual.
HARMONIA OU DESAVENÇA – Na avaliação de especialistas em relações entre líderes regionais, o quadro político sul-mato-grossense demonstra uma possibilidade real de concretização do tal “Projeto 20 anos de poder”, se realmente ele foi gestado.
Primeiro, porque, com oito anos de experiência atuando como secretário de Reinaldo, o governador eleito Eduardo Riedel adquiriu cancha suficiente para executar uma boa administração e, com isso, se habilitar à reeleição que, se concretizada, elevaria o tempo de “maracajuenses” administrando o Estado para 16 anos.
Sob esta ótica será lógica lança dúvida sobre como será o relacionamento do futuro governador com aquele lhe entregará o cargo.
Registros históricos mostram o rompimento de quem entra com quem sai por desavenças que surgem a partir do momento que o “ex” continua querendo mandar no novo governo, esquecendo-se de que a caneta já pertence a outras mãos.
Não parece ser o caso de Riedel e Reinaldo.
Reinaldo, quando se tornar ex-governador, deve optar pelo afastamento temporário dos holofotes por questão físicas e empresarial.
Primeiro, porque deve estar cansado de longos oito anos na gestão estadual e, segundo, por entender que deve dedicar um pouco mais de tempo aos seus negócios em Maracaju que, a despeito de sua ausência, fluíram muito bem.
Um pouco de tempo de descanso junto aos familiares também fará bem à saúde e ao espírito.
CAMPO GRANDE – Outra vertente analisada é com referência à eleição para a sucessão da prefeita Adriane Lopes (Patriota) em Campo Grande.
Lideranças tucanas não engoliram a traição do ex-prefeito Marquinhos Trad (PSD) que se bandeou para o lado da adversária de Riedel no segundo turno da eleição, mesmo tendo disputado sua eleição e reeleição com apoio do PSDB que não lhe pediu nada em troca.
Essa atitude não será perdoada pelos dirigentes tucanos.
Nesse cenário, o nome que aparece mais forte para a disputa é o do atual governador Reinaldo Azambuja.
Ele até já descartou a possibilidade, logo depois que ela foi ventilada neste e em outros meios de comunicação.
Pode ser que sim, pode ser que não, afirmam políticos próximos a Reinaldo, admitindo que o posicionamento contrário do governador é até natural porque ele ainda detém o mandato de chefe do Poder Executivo Estadual e não teria nem lógica admitir que estaria de olho em um novo pleito eleitoral.
Mas, como Reinaldo se tornou eleitor de Campo Grande no final de 2011 e disputou a eleição de 2012 como candidato a prefeito da Capital, não se pode descartar, também, a necessidade imperiosa de um político tucano se tornar prefeito campo-grandense para fazer mais fácil a caminhada de Eduardo Riedel para o segundo mandato que elevaria para 16 anos o tempo tucano à frente da administração estadual.
Daí para completar os 20 anos Bem, aí já é outra conversa!