Mané Garrincha, um dos gênios do futebol mundial, não era tão ingênuo como as pessoas pensavam

Uma das histórias mais famosas e pitorescas que envolvem Garrincha era sobre um rádio que ele teria comprado na Suécia, em 1958, durante a primeira conquista brasileira em Copas.

Mané Garrincha, um dos gênios do futebol mundial, não era tão ingênuo como as pessoas pensavam

Uma das histórias mais famosas e pitorescas que envolvem Garrincha era sobre um rádio que ele teria comprado na Suécia, em 1958, durante a primeira conquista brasileira em Copas. O massagista Mário Américo, interessado no aparelho, fez uma brincadeira com Mané e disse que o equipamento não iria funcionar no Brasil, pois só transmitia programas em sueco. Diante disso, o massagista comprou o rádio por um valor mais baixo do que Garrincha tinha pago.

Essa história foi exaustivamente contada, principalmente pelo dentista da seleção, Mário Trigo, que era um piadista e gostava de "taxar" Mané como ingênuo. No entanto, nada disso aconteceu. Garrincha nunca pensou que um rádio fabricado na Suécia só sintonizaria as emissoras locais. No livro "Estrela Solitária", Ruy Castro conta que foi Garrincha que fez a brincadeira com Hélio, jogador do Botafogo, apelidado de "Boca de Caçapa". A história teria se dado em uma excursão do time carioca pela Europa, em 1955. Hélio comprou um aparelho de rádio na Dinamarca e foi alvo da brincadeira de Mané.

Uma outra lenda que Ruy Castro tenta desfazer é sobre o suposto tratamento dado pelo ponteiro aos marcadores dele. "É o último João do Maracanã", diziam os narradores esportivos, depois que Garrincha driblava um adversário. Chamá-los de João ou José seria uma forma de Garrincha não tomar conhecimento dos adversários, já que para ele o mais importante era simplesmente driblá-los. Mas Ruy Castro salienta que Mané nunca se referiu aos marcadores como João ou José. Isso seria invenção da imprensa.

No entanto, a revista Manchete dizia o seguinte: "Para ele [para Garrincha] todo mundo é 'Zé', o que quer dizer, Garrincha não acredita em ninguém". Garrincha teria declarado à publicação: "Mas isso não é por desrespeito, não, é o meu modo de ser. Um homem da roça tem outra concepção de vida e de ponto de vista. Se eu tiver medo dos meus marcadores estarei perdido". Para Garrincha, qualquer time adversário que vestia camisas brancas, como a Áustria e a Inglaterra, era o São Cristóvão, do Rio de Janeiro. São histórias que viraram lendas!

Ouça agora a íntegra da semifinal da Copa de 1958, entre Brasil e França. A transmissão é da Rádio Nacional do Rio de Janeiro. Narração de Jorge Cury e Oswaldo Moreira.