Áudios gravados antes de assassinato de jornalista indicam falha na delegacia

Áudios enviados pela jornalista Vanessa Ricarde, assassinada nesta semana em Campo Grande, pelo ex-noivo, Caio Nascimento, indicam falha da Delegacia Especializada de Atendimento à Mulher (Deam).

Foto: mspolitica.com

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Áudios enviados pela jornalista Vanessa Ricarde, assassinada nesta semana em Campo Grande, pelo ex-noivo, Caio Nascimento, indicam falha da Delegacia Especializada de Atendimento à Mulher (Deam).

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O áudio aponta erros no atendimento da primeira Casa da Mulher Brasileira do País e pode ser um divisor de águas no atendimento a mulheres que enfrentam violência todos os dias.

Diferentemente do que foi declarado em coletiva no dia seguinte ao assassinato, Vanessa não recusou acompanhar retorno à residência. Pelo contrário, sentiu falta de um acolhimento na delegacia.

No áudio enviado para uma amiga, pouco antes de ser assassinada com facadas no coração, ela contou que esperava voltar para casa acompanhada da polícia, mas não recebeu sequer informações sobre as mais de dez passagens pela polícia do autor, por violência contra mulheres, incluindo até a própria mãe.

"Eu fui falar com a delegada e explicar toda a situação. Ela me tratou bem fria, seca, toda hora me cortava. Eu queria ver o histórico da pessoa e falou para mim que não podia passar”, contou Vanessa, pontuando que a delegada disse que ela já sabia, pois ele mesmo havia contado. Ela pondera que gostaria de saber melhor, pois ele teria alegado que a mulher que o denunciou havia agredido a filha dele.

Vanessa contou para delegada que estava há dois dias sem tomar banho e teria, segundo o áudio, sendo orientada a mandar uma mensagem falando para ele deixar a casa.

A jornalista assasinada pede para amiga ser testemunha do caso e demonstra preocupação com mulheres sem instrução que devem procurar ajuda e serem mal atendidas.

"Eu estou me sentindo culpada, porque eu fui registrar o BO. Eu estou bem impactada com o atendimento da Casa da Mulher Brasileira. Eu, que tenho toda a instrução, escolaridade, fui tratada dessa maneira, imagina uma pessoa, uma mulher vulnerável lá. Essas que vão para a estatística do feminicídio”.

Abaixo, uma matéria produzida pelo SBT, que mostra os áudios enviados pela jornalista antes de ser assassinada. Nos comentários, diversos relatos de mulheres reclamando do atendimento é uma resposta da Delegacia Geral do Governo do Estado, informando que abriu sindicância.