O Método Canguru é um modelo de assistência iniciado durante a gravidez de risco e que segue até a alta do recém-nascido. A prática consiste em colocar o bebê em contato com o corpo dos pais, em uma posição semelhante a que o canguru carrega seus filhotes. Um dos pilares dessa prática é o estímulo ao aleitamento materno, incentivando a presença constante da mãe junto ao recém-nascido. O contato pele a pele, no Método Canguru, começa com o toque dos pais na criança desde os primeiros momentos da internação, evoluindo até a posição canguru.
Estudos realizados em hospitais que praticam esse método demonstraram que o volume de leite diário é maior nas mães que realizam o contato pele a pele com o bebê. A proximidade da mulher com a criança permite um controle térmico adequado, o que contribui para a redução do risco de infecção hospitalar, reduz o estresse e a dor do recém-nascido e aumenta as taxas de amamentação. Também é possível observar melhora no desenvolvimento neurocomportamental e psicoafetivo do recém-nascido, além de propiciar um melhor relacionamento da família com a equipe de saúde.
Como funciona?
O recém-nascido de baixo peso fica em contato pele a pele, na posição vertical, junto ao peito dos pais e acontece em três etapas:
Primeira etapa
Tem início ainda no pré-natal da gestação de alto risco, com continuidade na internação do recém-nascido na unidade neonatal. Os pais devem ser acolhidos e receber orientações sobre:
. As condições de saúde do seu filho;
. Os cuidados dispensados;
. As rotinas;
. O funcionamento da unidade e da equipe que cuidará do recém-nascido.
Os pais devem ter livre acesso à unidade. Também precisam ser encorajados a tocar no bebê para então colocá-lo na posição canguru. Nesta etapa, o procedimento deverá seguir cuidados especiais:
. Acolher os pais e a família, amparados nos cuidados especializados e posteriormente na unidade neonatal;
. Estimular o livre acesso ao companheiro ou acompanhante materno nos cuidados gestacionais necessários;
. Promover o livre e precoce acesso, assim como a permanência dos pais na unidade neonatal, sem restrições de horário;
. Garantir que o primeiro encontro dos pais seja acompanhado por um profissional da equipe de cuidados;
. Propiciar o contato pele a pele precoce, respeitando as condições clínicas do recém-nascido e a disponibilidade de aproximação e interação dos pais com o bebê;
. Oferecer suporte e apoio para a amamentação;
. Garantir à puérpera a permanência na unidade hospitalar, oferecendo o suporte assistencial necessário;
. Garantir cadeira adequada para a permanência da mãe/pai na unidade neonatal e para realização da posição canguru.
Segunda etapa
Durante a segunda etapa, o bebê permanece de maneira contínua com a mãe, que participa ativamente dos cuidados do filho. Isso deixa a mulher mais segura e estimulada a permanecer com o bebê na posição canguru o maior tempo possível. Alguns critérios são determinantes para a realização do método nesta etapa:
. Para o recém?nascido
Estabilidade clínica, nutrição enteral plena e peso mínimo de um quilo duzentas e cinquenta gramas.
. Para a mãe
Desejo e disponibilidade, apoio familiar para sua permanência no hospital em período integral, consenso entre mãe, familiares e profissionais de saúde, reconhecimento materno dos sinais de comunicação do filho relativos a conforto, estresse, respiração etc. e conhecimento e habilidade para manejar o recém-nascido em posição canguru.
Terceira etapa
Na terceira etapa, o bebê vai para casa e é acompanhado, juntamente com a família, pelo Ambulatório do Método Canguru, situado no hospital de origem. Também passam a ser acompanhados na Unidade Básica de Saúde (UBS) até o bebê atingir o peso de 2,5kg. Nessa fase, alguns critérios devem ser observados e garantidos:
. A mãe e o pai, com suporte de uma rede de apoio nas atividades do lar, devem assumir o compromisso de realizar a posição canguru pelo maior tempo possível;
. O peso mínimo do bebê deve ser de 1,6kg;
. O acompanhamento ambulatorial deve ser assegurado até o peso de 2,5kg;
. O ganho de peso deve estar adequado durante três dias antes da alta;
. O bebê deve estar em aleitamento materno exclusivo ou, em situações especiais, a família deve estar habilitada a realizar a complementação;
. Após a alta, a primeira consulta deve ser realizada em até 48 horas no hospital de origem. As demais consultas devem ser alternadas com a UBS e/ou visitas domiciliares pelo agente comunitário de saúde;
. O atendimento na unidade hospitalar de origem deve ser garantido até a alta da terceira etapa.
Entre as principais vantagens trazidas pelo Método Canguru, estão:
. Reduzir o tempo de separação mãe/pai-filho;
. Favorecer o vínculo afetivo mãe/pai-filho;
. Possibilitar maior competência e confiança dos pais no cuidado do filho, inclusive após a alta hospitalar;
. Estimular o aleitamento materno, permitindo maior frequência, precocidade e duração;
. Possibilitar ao recém-nascido o adequado controle térmico;
. Contribuir para a redução do risco de infecção hospitalar;
. Reduzir o estresse e a dor;
. Propiciar melhor relacionamento da família com a equipe de saúde;
. Favorecer ao recém-nascido uma estimulação sensorial protetora em relação ao seu desenvolvimento integral;
. Melhorar a qualidade do desenvolvimento neuropsicomotor.
É no contato pele a pele que uma grande superfície do corpo da criança e da mãe se encontram, proporcionando diferentes trocas: táteis, auditivas, sensoriais, globais, entre outras. Os profissionais de saúde podem contribuir para que a experiência seja agradável ao recém-nascido e a todos que estão envolvidos no processo.