Cruzeiro do Sul tem cerca de 90 mil habitantes e 12 mil casas de farinha em funcionamento. Maria José Maciel, a “Veia”, é a presidente da cooperativa que organiza essa produção. “Antes do selo de indicação geográfica era muito difícil porque qualquer pessoa podia usar o nome ‘Farinha de Cruzeiro do Sul’, mas hoje só nós da Central do Juruá é que podemos. O selo começou a nos abrir portas”, conta.
A organização dos agricultores na cooperativa otimiza a produção, melhora o preço final e traz mais qualidade de vida para o produtor. O ofício, muitas vezes, é passado de geração em geração, como Francisco da Silva Maciel, que aprendeu a fazer a farinha com o pai.
“Eu tenho orgulho de ser produtor. Foi o que meu pai me ensinou, o legado que ele deixou para nós é trabalhar. O que eu aprendi foi fazer farinha e até hoje eu levo”, conta Francisco, que mostrou em detalhes como é o processo artesanal de tingimento da farinha feito na cooperativa. O tom “amarelinho” do grão, obtido por meio do açafrão, vai ao gosto do freguês e Francisco encara com uma arte.
A estrela de Cruzeiro do Sul também ocupa espaço de destaque na culinária. A farinha já faz parte dos hábitos alimentares diários dos acreanos, mas o chefe Jairé Cunha trabalha o ingrediente em pratos pouco habituais, como sushi feito com a farinha de mandioca. A região aposta que as belezas da floresta, a tradição dos povos indígenas e a culinária local podem impulsionar também o turismo.
“Nós somos um grande destino de surpresa. A visão de fora ainda é muito referente às florestas, que são a nossa grande potência, de fato. Mas as pessoas ficam muito surpresas com o que vão encontrar por aqui. Tem que vir com o coração aberto, porque vai ser surpreendido, mas positivamente”, afirma Thaly Figueiredo, produtora de conteúdo que incentiva o turismo na região, compartilhando nas redes sociais informações sobre atrações e destinos do estado.