Segundo fontes ouvidas pelo Metrópoles, fundos estrangeiros especializados em “ativos estressados”, como são chamados os títulos de dívida com sério risco de não serem pagos, estariam comprando bonds da Americanas com descontos de até 80%.
Colocando em termos práticos: a Americanas vendeu um título da sua dívida por R$ 100 ao mercado meses atrás, prometendo retornar esse mesmo valor acrescido de juros em determinado prazo. Depois que o escândalo do balanço veio à tona, quem comprou os títulos correu para se desfazer do papel e acabou vendendo para os fundos abutres por um preço de R$ 20, arcando com o prejuízo de R$ 80.
Os fundos abutres tentam, então, brigar para receber qualquer coisa acima de R$ 20. “Eles não têm medo de briga. Os abutres são agentes do caos em qualquer recuperação judicial”, diz um advogado especializado em processos desse tipo.
Ele explica que, nas últimas semanas, bancos, fundos de investimento e administradores de fortunas familiares estrangeiros inundaram o mercado com os bonds da Americanas. Nos últimos anos, a varejista emitiu cerca de US$ 1 bilhão em títulos desse tipo no exterior.
“Alguns poucos até resolveram esperar um pouco, porque tinham algum tipo de relação pessoal ou de negócios com os acionistas de referência da Americanas (os bilionários Jorge Paulo Lemann, Beto Sicupira e Marcel Telles), mas está cada vez mais difícil sustentar essa posição”, diz uma fonte que está acompanhando a situação dos bondholders (detentores dos títulos de crédito) das Americanas.
O caos organizado pelos credores abutres consiste principalmente em ações judiciais em série para tentar bloquear o patrimônio da empresa e garantir um lucro maior do que os 20% investidos inicialmente.
Para se proteger, a Americanas pediu à Justiça dos Estados Unidos a adesão ao dispositivo chamado de “Chapter 15”, que compõe a lei de recuperações e falências do país.
Com a decisão, a varejista garantiu que todos os processos de credores e investidores impactados pela descoberta do rombo de R$ 20 bilhões no balanço corram no Brasil. O objetivo é fugir de bloqueios de recursos e bens em solo americano.
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