O Carnaval é considerado o Natal do turismo brasileiro. A alegria não é só dos foliões que vão curtir a festa, mas também de quem fatura com a data. A Confederação Nacional do Turismo (CNTur) espera que a data movimente mais de R$ 8 bilhões. Esse valor é quase 27% maior do que o do mesmo período de 2022. O número anima o chefe de cozinha Bruno Canô, proprietário de um restaurante em São Paulo. Em entrevista à Jovem Pan News, ele revelou que espera um aumento de 40% no movimento dos clientes no feriado "A gente já está gerando toda uma demanda de estoque, principalmente cerveja, drinks e tudo mais".
"A gente pretende montar um bar e ter uma bandinha, uma pessoa tocando lá na frente, justamente para atrair esse público que talvez não queira um bloco de carnaval, mas quer curtir um carnaval, alguma coisa um pouco mais tranquila", afirmou. A especialidade de Bruno são pratos da culinária nordestina, mas para o Carnaval o chefe já tem outras ideias: "Saindo um pouquinho do trivial, que no nosso caso são os pratos. Queremos alguma coisa mais focada em coisas rápidas, como entradinhas, petiscos, drinks e cervejas, que são as coisas que vão se popularizar no Carnaval".
O economista da Confederação Nacional do Comércio de Bens, Serviços e Turismo (CNC), Fábio Bentes, afirmou que o Brasil tem crescido aos poucos, sustentado pelo setor de serviços. Por isso a projeção para as festividades está 3,3% abaixo do registrado em 2020, último Carnaval antes da pandemia da Covid-19: "A expectativa mais positiva deriva do fato de que, primeiro a crise sanitária, embora não tenha acabado, não vai impor nenhuma barreira sanitária esse ano, ao contrário dos dois últimos carnavais. O Carnaval foi cancelado em 2021 e em 2022 foi parcialmente cancelado e adiado. É uma situação anormal. Embora a pandemia não tenha acabado, a situação de consumidores no modo geral se normalizou, de turistas ainda não. É a primeira razão pela qual fica difícil alcançar o patamar de geração de receitas que se tinha no Carnaval de 2020".
Além do endividamento das famílias e dos juros altos, alguns serviços essenciais para o turismo aumentaram bem mais que a inflação no ano passado. As passagens aéreas tiveram a maior alta, de 23,53%, as hospedagens subiram 18,21% e os pacotes turísticos subiram 17,16%. Transporte e alimentação são os principais serviços que impulsionam a expectativa para o Carnaval deste ano. Os dois segmentos respondem por quase 75% de todo o volume financeiro que a data deve gerar para as empresas que atendem o turismo no país.
"Quem for passar o feriadão do Carnaval na sua cidade seguramente vai incorrer em algum caso de alimentação fora de casa. Isso ajuda a movimentar esse setor, que atende não só o estrangeiro, turista ou consumidor de outro município ou Estado, mas também os residentes. Essa é uma aposta que se pode fazer no Carnaval deste ano, talvez um Carnaval mais doméstico, mais caseiro, com as pessoas nas ruas mas sem grande deslocamento de município", projetou o economista da CNC.
Mesmo com um custo maior, o setor de turismo deve gerar cerca de 24,6 mil vagas temporárias em todo o país, concentradas em restaurantes, empresas de transporte e limpeza. "É um contingente um pouquinho menor do que as 26 mil vagas que foram criadas no Carnaval de 2020. Mas, só para a gente ter como referência, no ano passado foram 15 mil vagas. É quase o dobro de vagas que vão ser criadas, porque a circulação voltou ao normal. Se ela volta ao normal, o turismo reage e se o turismo reage ele precisa contratar para atender os demandantes por esse serviço", explicou Bentes. Segundo a CNC, São Paulo aparece em primeiro lugar entre os estados que mais devem gerar receita durante o feriado. Em seguida vem o Rio de Janeiro e Estados do Nordeste do país.
*Com informações da repórter Soraya Lauand