Mais de 3,5 mil moradores do litoral norte de São Paulo ficaram desalojados ou desabrigados após os alagamentos e deslizamentos de terra que danificaram e destruíram diversos imóveis na região. Alguns corretores de seguros residenciais cobrem desastres naturais, como tais enchentes. Para destrinchar melhor sobre como estes serviços podem funcionar em meio aos estragos, o Jornal da Manhã, da Jovem Pan News, entrevistou o presidente Sindicato de Empresários e Profissionais Autônomos da Corretagem e da Distribuição de Seguros do Estado de São Paulo (Sincor-SP), Boris Ber. Primeiramente, o corretor explicou a diferença entre os seguros de automóveis e de imóveis: “No seguro de automóveis a regra é muito simples. Se você não desafiar a enchente. Ou seja, está andando com o carro, viu que tem um alagamento e você tentou passar, você desafiou, você não tem cobertura. Mas se você foi vítima, como a maioria foi nesse evento, você está coberto pelas condições gerais do seguro de automóvel, não há o que se preocupar, tanto no dano parcial, como na perda total do veículo”
“No restante, a gente tem que fazer uma análise de que boa parte das pessoas nem consegue contratar um seguro, porque a grande maioria são residências irregulares, construídas de uma forma que nenhuma companhia de seguro aceitaria. Aquelas de maior qualidade e maior envergadura, que tenham uma apólice de seguro, elas tem que ter contratado à parte a cobertura de inundação e alagamento. Aí ela estará coberta, tanto na questão de prédio, quanto na questão de conteúdo. Ainda assim, eu alerto que muitos nem contratam o seguro de residência ainda. Temos um percentual muito pequeno e às vezes deixando de proteger um patrimônio gigante, maior do que o automóvel e às vezes maior até do que uma pequena empresa ou negócio que a pessoa tenha”, detalhou.
Para os moradores que contrataram o seguro residencial e estão cobertos para inundações e alagamentos, o especialista recomenda que o primeiro a fazer é entrar em contato com o corretor de seguros imediatamente: “Ele vai solicitar uma vistoria para a companhia. Um perito vai até o local documentar o sinistro e vai entregar uma relação dos documentos que forem necessários, como orçamento de reparo e orçamento de reposição de um bem. É um processo muito fácil e as companhias tem o bom senso nesses momentos de crise, de facilitar a vida (…) É um momento de crise e os segurados tem que ter um pouco de paciência porque a demora no atendimento é realmente um pouco maior. Os guinchos não estavam com condição de chegar ao local, quanto mais fazer o reboque. A mesma coisa vai ser para ir nas residências e apurar os prejuízos”.
O presidente do Sincor-SP também explicou que cada seguro é proporcional a cada tipo de moradia e que, em muitos casos, por causa do alto risco nem é possível estar coberto contra tais desastres naturais: “Uma moradia mais luxuosa e maior, vai ter importâncias seguradas também maiores. Normalmente são proporcionais essas coberturas. A gente faz uma análise daquilo que pode acontecer. Evidentemente que as companhias tem mapeados alguns locais. Uma baixada em São Paulo, por exemplo, nem dá esse tipo de cobertura, porque não é um risco incerto, é um risco quase certo. Hoje, nós temos menos pontos críticos na capital, por exemplo. Em São Sebastião, também tem esses pontos críticos, então pode acontecer de algumas companhias não darem essa cobertura. Mas a conversa entre o corretor e o segurado para avaliar os possíveis danos é o que vai determinar, dentro da capacidade de aceitação da companhia, o valor a ser segurado para cada um desses eventos”.
O corretor esclareceu que, em casos como o do litoral paulista, as corretoras devem fazer o ressarcimento ou indenização o mais rápido possível: “O prazo, nessas ocasiões principalmente, ele é a menor coisa importante. Hoje, todas as companhias e todos os corretores têm acesso à internet e pelos aplicativos você faz o comunicado. Acabando a regulação do sinistro, ou seja, a apuração dos prejuízos, em menos de uma semana o segurado tem o reembolso ou a indenização feita. As companhias hoje em dia são muito rápidas nesse atendimento, principalmente nesses casos que se entende uma catástrofe e um problema muito grande. Esse não vai ser um problema do segurado”. Boris Ber também afirma que existe a possibilidade de pessoas que não têm seguro acionarem suas Prefeituras e até o governo do Estado por supostas omissões.
“A gente tem fatos lá atrás em que isso aconteceu. A pessoa pode até não ter o seguro ou o seguro, pela cláusula restritiva, pode indenizar só uma parte e ela pode sim regredir contra o Estado, sem dúvida nenhuma. A gente tem lido notícias de que o Estado tinha conhecimento, teve quase nenhum investimento na proteção disso. Principalmente aquelas pessoas que não têm seguro e têm imóveis muito simples têm que buscar. Os financiamentos também de residência costumam ter um seguro já embutido. É importante lembrar os consumidores de que muitas vezes ele nem sabe que tem um seguro, mas se ele tem uma casa financiada, muito provavelmente o agente financeiro deve ter colocado um seguro no meio desse financiamento e é bom ele ficar alerta também”, alertou.
A respeito da comprovação de propriedade dos bens danificados, o especialista reiterou que as seguradoras têm atuado para facilitar a vida dos segurados: “Nessas horas o bom senso prevalece e o seguro tem usado sempre o bom senso. Para eu provar a existência de uma geladeira eu não tenho que pedir uma nota fiscal, porque eu estou vendo a geladeira destruída ali. Se eu estou vendo outro equipamento, ele está lá. Não tem a necessidade de buscar. É muito simples. Queria desmistificar isso. As companhias tem esse bom senso e os corretores estão imbuídos de achar soluções muito rápidas porque a gente entende o trauma que as pessoas estão passando”. Confira a entrevista completa no vídeo abaixo.